Embora já seja um ícone nos círculos de arquitetura, Antoni Gaudí quase recebeu um novo título: de santidade. Devido ao seu renomado estilo único e incansáveis esforços no projeto da Sagrada Família, houve rumores sobre intenções do Papa Francisco de beatificá-lo em 2014.
Embora a beatificação seja apenas a terceira de quatro etapas para a canonização plena (que exige provas de que Gaudí tenha realizado ao menos um milagre), parece um bom momento para celebrar Gaudí e explorar algumas de suas mais impressionantes obras espalhadas pela cidade de Barcelona (sete das quais são Patrimônio da Humanidade da UNESCO). Descubra alguns dos nossos favoritos depois a seguir.
Fonte Cascada
Projetada por Josep Fontserè em 1881, com o jovem Gaudí como seu assistente, a Fonte Cascada, na esquina ao norte do Parc de la Ciutadella tem inspiração na Fontana di Trevi em Roma. Duas garras de caranguejos gigantes funcionam como escadas para um pódio no centro do monumento, onde está uma escultura de Vênus dentro de uma concha aberta.
Gaudí ainda era um estudante de arquitetura quando ajudou a construir Cascada e quando foi completada em 1888, a fonte foi exibida na Exposição Internacional de Barcelona.
Casa Vicens
O primeiro trabalho significante de Gaudí depois do título de arquiteto, a Casa Vicens foi projetada para o proprietário de fábricas de cerâmicas de Manuel Vicens.
Construída entre 1883 e 1888, o edifício destaca uma série de influências, particularmente uma influência característica Moura, evidente nas torres da cobertura. A fachada em trencadís é construída de pedra aparente, tijolos vermelhos e azulejos cerâmicos coloridos em padrões de xadrez e florais, em homenagem à profissão do proprietário.
Embora o desenho careça das linhas curvas de suas últimas obras, a explosão de cor é fortemente influenciada pela arte árabe, algo que ecoou em muitos de seus projetos posteriores.
Palau Güell
Este palácio residência da família Güell possui uma fachada distintamente sóbria, que não é um reflexo imediato dos outros trabalhos de Gaudí.
O edifício está centrado em um ambiente principal, projetado para o entretenimento dos convidados da alta sociedade da família Güell, que entravam na residência com carruagens movidas a cavalo através de portões de ferro. Estes portões apresentam intricado trabalho de ferro forjado em padrão que lembram algas.
Os animais eram levados ao estábulo por uma rampa dentro deste ambiente, enquanto os visitantes sobiam as escadas para a sala de recepção. As paredes e tetos ornados eram janelas ocultas localizadas no alto das paredes, permitindo os proprietários o privilégio de espiar os convidados para que pudessem decidir se ajustariam algo de seu traje antes de fazerem sua entrada.
O interior certamente compensa o sóbrio exterior, um hall central parabólico em forma de domo com pequenas aberturas no teto que permitiam a luz do sol penetrar o ambiente em um efeito que lembra um planetário.
Casa Milà / La Pedrera
La Pedrera é uma das construções residenciais mais conhecidas de Gaudí e a última de suas obras cívicas. Foi construído entre 1906 e 1912 e, apesar de suas fachada em pedras ondulantes e varandas metálicas retorcidas, o que foi bastante controverso na época, foi reconhecida como Patrimônio da Humanidade em 1984
Casa Milà é feita de dois edifícios, estruturada em torno de dois pátios que proporcionam luz para os nove pavimentos da edificação. O pavimento principal era dedicado à família que encomendou o projeto, enquanto que o restante foi dividido em mais de 20 apartamentos para aluguel.
A impressionante massa do exterior composta de pedra calcária ondulante explora a irregularidade do mundo natural. Ao entrar no edifício fica evidente que esse tema também ecoa nos interiores. As colunas e pisos desprovidos de paredes portantes também foram notáveis inovações arquitetônicas para a época.
A cobertura é espetacular, coroada com chaminés, claraboias e exaustores. As chaminés foram revestidas em pedra calcária, mármore quebrado e vidro, e foram contorcidas para permitir que mais fumaça escapasse. A vista da cobertura também vale subir os nove andares.
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Casa Batlló
Outro dos edifício residenciais de Gaudí, a Casa Batlló, reconstruída em 1904 a partir de uma casa construída em 1870, foi projetada para o aristocrata Josep Batló, que alocou sua família nos dois primeiros pavimentos, alugando o espaço restante como apartamentos.
A atenção ao detalhe é impressionante: as janelas variam de tamanho, dependendo da altura do pavimento a partir do térreo, e o desenho intricado do exterior e colunas são inspiradas na vida marinha. De uma certa distância, as varandas e demais elementos da fachada parecem ossos e caveiras, acrescentando ainda mais à este sentimento natural.
Assim como a Casa Milà, o edifício foi criticado durante a construção por seu projeto radical, no entando, foi anunciado como um dos três melhores edifícios de Barcelona pelo conselho municipal em 1906 e agora também faz parte da lista de Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
Saiba mais sobre a Casa Batlló, um Clássico do Archdaily, aqui.
Parc Güell
O impressionante complexo de jardins na montanha de El Carmel foi encomendado por Eusebi Güell e construído entre 1900 e 1914.
Embora também apareça na lista da UNESCO, o parque originalmente era um local destinado à habitação que pretendia explorar o ar fresco e as vistas da cidade, porém foi mal sucedido. Apenas duas das 60 casas planejadas foram erguidas, e após a baixa procura de compradores, o próprio Gaudí comprou uma delas e se mudou com a família.
Existem inúmeros aspectos arquitetônicos fascinantes a explorar: as colunas possuem formas que simulam os troncos de palmeiras, arcos com superfícies que parecem feitos de escombros crescem do solo, um gazebo feito de ferro retorcido. No entanto, o ponto focal do parque é o terraço principal, devido à suas vistas impressionantes da cidade e seus característicos bancos ondulantes de mosaicos.
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Sagrada Família
A espetacular Sagrada Família está em construção por mais de cem anos, desde que as obras começaram em 1882. Gaudí teve um papel incrivelmente ativo dirigindo a construção desta magnífica Igreja Católica Romana até sua morte em 1926, quando apenas 1/4 do projeto estava completo. Seguindo a Guerra Civil Espanhola de 1936, muitas coisas de sua oficina, juntamente com maquetes e plantas foram destruídos pelos anarquistas. Portanto, parte do desenho atual tem sido baseada em versões reconstruídas e adaptações modernas, causando controvérsia entre muitos dos arquitetos catalães que discutem se estes materiais alternativos desrespeitam a proposta original de Gaudí.
Os desenhos externos e internos são incrivelmente complexos, com temas extraídos de frases da liturgia. As torres são decoradas com palavras como 'Excelsis' e 'Sanctus' e a porta é coberta com palavras bíblicas escritas em várias línguas.
A construção recentemente acelerou graças à tecnologia assistida por computadores que permite que as pedras sejam moldada fora do local da obra, utilizando uma máquina de corte CNC. Anteriormente, eram esculpidas completamente à mão. Apesar de seu estado ainda incompleto, a igreja foi reconhecida como um Patrimônio Mundial da UNESCO.
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