A artista mineira Cinthia Marcelle propôs a instalação “Chão de caça” [Hunting Ground] no Pavilhão Brasileiro, com a curadoria de Jochen Volz, recebeu a menção honrosa durante a Bienal de Arte de Veneza 2017, inaugurada em 13 de maio. A instalação é composta por um piso inclinado feito de grades de ventilação soldadas que ocupa todo o interior das duas galerias do pavilhão brasileiro. Entre os pequenos vãos das grades, seixos rolados dos arredores do local da exposição foram inseridos. Entrelaçados com a grade e os seixos, estão elementos escultóricos adicionais, uma série de pinturas e um filme tocando ininterruptamente. O desenho, as resoluções técnicas e a estrutura do piso, assim como o processo de desenvolvimento da obra através de modelos eletrônicos e protótipos, foi realizado em parceira com os arquitetos Anna Juni, Enk te Winkel e Gustavo Delonero do escritório paulista Vão, com quem a artista vêm trabalhando há alguns anos.
Desenvolvido por Cinthia Marcelle em conjunto com o cineasta Tiago Mata Machado, o vídeo mostra um único enquadramento de um telhado sendo gradualmente desmontado a partir do interior, sugerindo uma rebelião ou uma fuga. Referencia-se às diversas rebeliões ocorridas em todo o mundo, Glasgow, Milão, Sri Lanka e Sydney, até o horrível massacre ocorrido nas penitenciárias brasileiras nos últimos meses. Naturalmente, o filme de Marcelle e Machado não menciona diretamente nenhum desses eventos, muito menos ilustra as reais condições de prisão.
A sensação que a instalação suscita é de constante perigo, instabilidade, desequilíbrio e desconforto, refletindo o atual estado do país. Segundo o júri da bienal, o pavilhão foi exitoso por ser “uma instalação que produz um espaço enigmático e desequilibrado no qual não podemos nos sentir seguros. Tanto a estrutura da instalação como o vídeo de Cinthia Marcelle em parceria com o cineasta Tiago Mata Machado evocam as preocupações da sociedade brasileira contemporânea.”
Veja mais imagens da instalação: