O objeto do restauro foi a igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Vistabella, obra do arquiteto Josep Maria Jujol, cujo projeto original data de 1917 e a construção de 1923. O edifício é uma magnífica e exclusiva obra inscrita na arquitetura catalã modernista. Uma verdadeira joia.
A pobreza dos materiais empregados, basicamente tijolos, argamassa e pedra, contrasta com a espetacular riqueza formal das soluções construtivas e estruturais: colunas, arcos e abóbodas conformam um espaço interior complexo, pessoal, rico, mágico e surrealista próprio do misticismo de Jujol, arquiteto, desenhista e pintor genial.
Descrição pelo arquiteto. O uso do edifício -templo destinado ao culto católico- não variou desde sua origem, fato que permite uma abordagem clara: com intervenção mínima, garantir a sobrevivência da obra no tempo.
Tentou-se tratar as patologias existentes buscando a solução desde sua origem e recuperar a imagem interior e exterior originais, sem alterar a lógica demonstração não patológica da passagem do tempo e, inclusive, respeitando determinadas afecções antrópicas próprias de eventos históricos relevantes que contextualizam o edifício em seu tempo.
A partir desse planejamento se deduzem os critérios gerais de intervenção em referência a cada um dos subsistemas do edifício.
Em 1934, o campanário da igreja caiu pela ação do vento e o reparo foi dirigido pelo próprio Jujol. O arquiteto incorporou oito barras de aço nas esquinas interiores dos quatro pilares, como tirantes passivos, desde a base do mesmo até a cruz, unindo-os em seu interior, concretando "in locu" e revestindo com argamassa e tijolos ao longo. Com os anos, o revestimento dos tirantes desprendeu-se várias vezes e a oxidação dos tirantes de aço acabou rachando os elementos originais e desvinculando suas seções.
A intervenção mais importante conceitualmente, ainda que com uma incidência imperceptível no edifício, corresponde à substituição desses tirantes de aço que trabalhavam passivamente e, portanto, obrigavam a uma grave fissuração dos tijolos para funcionarem. Foram substituídos por tirantes ativos tensionados adequadamente, monitorando o processo por medidores de tensão e de controle computadorizado, a fim de garantir que os estados de tensão desejados com base em dados de testes científicos rigorosos sobre a estrutura da torre do campanário.
As instalações necessárias para otimizar e melhorar as condições do edifício quanto a iluminação, ventilação, controle de umidade e temperatura localizam-se no corpo secundário, sacristia e depósito, servidor do volume principal e sem nenhuma afetação sobre este.
Executada a fase 1, restauro do campanário e abóbada principal, prevê-se a execução do restante das fases com lógica construtiva própria para ser executadas em função da gravidade das patologias e dos fundos econômicos disponíveis.
Arquiteto: Santi Prats i Rocavert
Localização: Plaça del Doctor Gaspà Blanch (Carrer Major, 19), Vistabella, 43765 La Secuita, Tarragona, Catalunya, Espanha
Coordenadas: Latitude 41° 12′ 32″ N, longitude 1° 15′ 55″ E
Ano: 2016
Área construída: 312 m²
Promotor: Arzobispado de Tarragona
Equipe: Enrique Otero Neira, Arquitecto, Roger Señís López, Arquitecto, Carlos Rillo Lizán, Arquitecto Técnico, Ton Fumadó Abad, Ingeniero Industrial
Orçamento: Fase-1 (já executada) 194.814 Euros / Todas as fases (1-6) 569.950 Euros
Imagens: Santi Prats i Rocavert