Destacando a transformação urbana de Copenhague, analisando os equívocos do movimento moderno e abordando os desafios das cidades do século XXI, o arquiteto e urbanista dinamarquês, Jan Gehl, apresentou, no dia 29 de junho, a conferência Pensar en urbano: ciudades para la gente, organizada pela ONU-Hábitat no Colegio Oficial de Arquitectos de Madrid (COAM).
Em sua conferência, Gehl exemplificou o paradigma urbano de sua época de estudante, o qual denomina Síndrome de Brasília:
Quando era estudante, Brasília era o ideal. Brasília é fantástica quando vista de um avião: é uma grande águia e sua cabeça é o Congresso; que belo! Além disso, se você se você está em um helicóptero, pode ver os edifícios governamentais projetados por Niemeyer, pode ver as superquadras. É fantástica vista de um helicóptero, mas do chão, onde vivem as pessoas, Brasília é uma merda."
Não são todos os brasilienses que têm dinheiro para subir e desfrutar de Brasília. Naquela época, estava com a perna quebrada e Brasília era muito pouco amigável. Não haviam árvores para fazer sombra, não era muito agradável.
Segundo Gehl, a Síndrome de Brasília é, por sua vez, reflexo das maiores falências do movimento moderno:
Minha conclusão sobre aqueles anos é que o movimento moderno disse adeus à preocupação com as pessoas. Por sua vez, havia uma preocupação com o homem moderno, para o qual a forma seguia a função. O movimento moderno também disse adeus à escala humana, porque de repente, em vez de criar espaços, decidimos criar edifícios individuais e os edifícios ficaram cada vez maiores. No começo, projetávamos espaços, agora criamos os espaços que sobram entre os edifícios e a noção mais próxima de escala humana desapareceu totalmente. Na realidade, diria que os arquitetos e planejadores do movimento moderno estavam completamente enganados sobre o que era uma boa escala.
Veja a conferência completa de Jan Gehl no vídeo a acima.