Em 2015 uma praça projetada e construída coletivamente no Morro do Alemão, Zona Norte do Rio de Janeiro, germinou a partir da parceria entre moradores e instituições do Complexo do Alemão junto com estudantes e professores da Faculdade Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Em dois anos o local, batizado de Praça Verde pelos moradores, deixou o aspecto árido para trás e agora, verdejante, está prestes a frutificar (mais uma vez) dando origem a um livro que relata todo seu processo de projeto e construção.
A campanha de financiamento coletivo lançada no último dia 23 de junho através da plataforma Benfeitoria já ultrapassou 60% da meta estipulada inicialmente e seguirá arrecadando doações até o dia 31 de agosto. Para contribuir, acesse o link: https://benfeitoria.com/pracaverde.
O livro
O livro chamado “Praça Pr’Alemão Ter – O germinar de uma Praça Verde no Morro do Alemão” registra a experiência de troca de saberes e conhecimentos entre a universidade e a favela, num canteiro de obras e aprendizados onde foram semeados conceitos e ideais de equidade e democracia urbana regados com muito suor a até lágrimas. A construção prevista para durar quatro finais de semana em regime de mutirão como atividade da greve estudantil recém-deflagrada se estendeu de julho a novembro de 2015, quando a Praça foi finalmente inaugurada.
Além do relato da turma da disciplina Projetos de Urbanização Alternativa 2015/1 sobre o início da disciplina, a greve estudantil que mudou seus rumos e levou à decisão pelos mutirões como atividade de greve, o processo de projeto e escolha dos materiais e orçamento, a obra, os entraves encontrados, mudanças de projeto e todo o aprendizado, a publicação traz a documentação do projeto feita pela turma, plantas cortes, vistas e perspectivas e o as built do que foi de fato executado. Há ainda um prólogo de Luiz Carlos Toledo e artigos de Pablo Benetti e também do Instituto Raízes em Movimento.
A origem da praça
Fruto da disciplina Projetos de Urbanização Alternativa ministrada pelos professores Pablo Benetti e Solange Carvalho da FAU/UFRJ, o projeto da Praça nasceu a partir do esforço conjunto de integrar a universidade e a comunidade numa causa real que afeta o dia-a-dia dos moradores da Avenida Central, desde as intervenções feitas pelo PAC no Complexo do Alemão, que deixaram por mais de cinco anos escombros e entulhos acumulados em diversos espaços residuais espalhados pela favela.
Através de levantamentos sobre a área, interlocuções com instituições locais e conversas com os moradores, foi feito um diagnóstico das áreas de possíveis intervenções nos espaços residuais ao longo do Morro do Alemão. Com a paralisação dos estudantes após a deflagração de uma greve estudantil na UFRJ e em função dos processos e dinâmicas locais, os rumos da disciplina se voltaram para a construção desta Praça como atividade de greve, um importante marco na consolidação dos espaços públicos ali.
O desafio
Para concretizar o projeto, era necessário viabilizá-lo financeiramente e materialmente. A turma buscou alternativas construtivas baratas e de fácil execução, como o uso de pallets, pneus e corpos de prova. Mas para tratar a madeira, transportar ferramentas e outros materiais necessários foi feita uma campanha de arrecadação divulgada através de uma página no Facebook criada para este fim. Foram arrecadados alguns materiais, além da verba conseguida com a venda de bolos e doces.
Os mutirões de construção iniciados em julho foram realizados junto com os moradores, estudantes e apoiadores da iniciativa durante três meses, com um toque final às vésperas da inauguração oficial feita em novembro de 2015. Hoje, a Praça já se encontra consolidada, porém em constante processo de transformação, sendo esta ocupada com eventos do Instituto Raízes em Movimento, shows, rodas de conversa, exposição de trabalhos, e a intervenção do artista Miss Tobi, além do uso cotidiano por parte dos moradores.
Prêmios e menções
Em novembro de 2015 a Praça recebeu Menção Honrosa no 13º Congresso de Extensão da UFRJ, e no dia 13 de maio de 2016 o Prêmio de Melhor Trabalho na categoria “Projetos e obras destinadas a urbanização de favelas e intervenção urbana em bairros populares” da Exposição da Produção Universitária em Habitação de Interesse Social 2016, no Instituto de Arquitetos do Brasil/IAB-RJ.
A campanha
Para viabilizar a publicação, os idealizadores lançaram uma campanha de financiamento coletivo através da plataforma Benfeitoria. Há várias formas de contribuir para a publicação e recompensas pensadas para cada uma delas, além de informações e vídeos sobre o processo de projeto, os mutirões de construção e o próprio livro que será publicado.
A meta inicial é de R$5.800,00 e a arrecadação vai até o dia 31 de agosto. Se a meta não for atingida, o valor é integralmente devolvido aos doadores, mas se ela for batida com antecedência, a arrecadação continua até o fim do prazo. Se tudo ocorrer como previsto, o mês de setembro será destinado a produção do livro e das recompensas. No mês de outubro acontecerá o lançamento do livro, com data ainda a ser definida. E caso o apoiador não possa estar presente no lançamento para receber seu livro, o envio por Correios será feito durante o mesmo mês.
Acesse: https://benfeitoria.com/pracaverde
Facebook: https://www.facebook.com/pracapralemaoter/