Algo que tem ocorrido bastante nos últimos anos e vem se transformando em uma prática comum são arquitetos abrindo seus próprios escritórios. Entretanto, muita gente vem sofrendo dificuldade, pois, infelizmente, quase nenhuma faculdade (até mesmo de administração) prepara você para ser empreendedor e dono da sua própria empresa.
Essa falta de informação prévia acaba gerando muito desgaste, perda de tempo, dinheiro e muitas vezes uma desistência precoce da carreira empreendedora. Por isso, resolvemos listar os principais erros ao se abrir um escritório de arquitetura para te ajudar a evitá-los e mais que isso, te dar dicas práticas de como resolver os problemas do dia a dia.
1. Não saber quem é o seu cliente e qual o seu diferencial
Esse é um dos maiores erros que quase todos os tipos de empresa cometem e no segmento de arquitetura não é diferente. As pessoas focam somente no que elas fazem e não no porquê elas fazem. E isso tem uma diferença enorme para o cliente. Um bom exemplo é a Nike, que trabalha a metodologia do Círculo Dourado. Ela foca primeiro no porquê ela existe e depois no como ela faz as coisas e só então ela explica o que ela faz.
Ela ficou mundialmente conhecida pelo slogan “Just do it”. Em português “Apenas faça”. Isso remete a liberdade, a poder, a desejo de mudança etc.
Então, a primeira coisa que você precisa definir é o seu porquê de existir e quem é o seu cliente. Trabalhar de forma generalista não é errado, porém torna o processo de virar especialista e referência em algo muito mais difícil.
Se você foca em um determinado tipo de cliente/segmento, suas chances de ter um porquê claro, de ser diferenciado e de ter uma proposta de valor relevante é muito maior.
2. Não ser formalizado e não ter contratos
Advogado e contador são aquelas pessoas que normalmente só ligamos quando temos problemas. Entretanto, quando você tem uma empresa, você precisa se antecipar e se preparar para qualquer tipo de situação, pois eventualmente você terá sim algum tipo de problema contábil ou jurídico para resolver.
Então, você precisa sim se preocupar com alguns fatores que, apesar de chatos e burocráticos, podem salvar sua empresa e você de futuros traumas.
- Escolha um tipo de imposto (simples, lucro presumido etc)
- Defina que tipo de sociedade você terá (LTDA, SA etc)
- Faça um contrato social da sua empresa
- Tenha contratos de projetos
- Tenha contatos de direitos autorais
- Regularize sua empresa, emita notas fiscais e esteja em dias com os impostos
Existem outros pontos a se considerar, mas esses seriam os principais para você ter pelo menos o básico de proteção, segurança e estabilidade contratual e fiscal da sua empresa.
Se estiver na dúvida sobre como fazer tudo isso, existem empresas especializadas que podem te ajudar, como a Conube e a ProJuris.
3. Achar que consegue fazer tudo sozinho
Quando você vira empreendedor e abre um escritório, você precisa ter noção que muitas vezes o que você menos vai fazer é projetar. Você precisar ter que se preocupar com:
- Captação de clientes
- Administrativo
- Contas a pagar e receber
- Marketing
- RH
- Atendimento
- E muito, muito mais
Então, se você está começando agora e/ou não tem tanto dinheiro para investir, como ter tempo e habilidade para fazer tudo isso? Terceirizando.
Você deve focar naquilo que é bom e que faz de melhor, que é a parte de arquitetura. Todo o restante você pode contratar pessoas especializadas para te ajudar. Seja para ser seus funcionários, seja contratando outras empresas para fazer o serviço por você.
Não caia na armadilha de que você é bom em tudo e que pode aprender rapidamente uma nova tarefa. Muitas vezes o tempo investido nisso tira o seu foco e você acaba não fazendo nem uma coisa nem outra.
Além disso, atualmente, existem milhares de ferramentas online que são gratuitas ou com preços bastante acessíveis e que podem facilmente suprir quase todas as necessidades da sua empresa.
Veja 22 ferramentas de marketing digital que podem te ajudar a ter mais engajamento online e que você não precisa de cursos ou ser um especialista para usar.
4. Não saber precificar o projeto
Um dos grandes debates da atualidade gira em torno da precificação de projetos. Muitos usam ainda o metro quadrado, outros a hora trabalhada e outros ainda fazem projetos com escopo fechado. Cada um tem suas vantagens e desvantagens, mas uma coisa tem que ficar clara: não é sobre você. É sobre o seu cliente.
Como assim não é sobre mim, você pode estar se perguntando... Imagine que você vai ao médico e diga que está com um problema no coração. Ele não examina você, faz apenas algumas perguntas e diz que você precisa operar imediatamente e que isso te custará R$ 10.000.
Qual sua reação?
Provavelmente chamará ele de louco, que não entende nada de medicina, irá falar mal dele para todos os seus amigos e com certeza procurará outro médico que te examine de maneira adequada. Acertei? Pois é. Então, por que ao fazer um projeto você age, muitas vezes, igual a esse exemplo?
Quantas vezes você já viu ou até mesmo já fez o procedimento de dar um valor do projeto baseado no metro quadrado do cliente. Você pode achar que não, mas para o consumidor é a mesma coisa do exemplo do médico.
Como assim vai custar R$ 10.000 porque o projeto é de 100 metros quadrados? Antes de passar qualquer preço você precisa diagnosticar o cliente. E para isso você precisa entender:
- Quais são as dores dele
- Quais são os desejos dele
- Se aquele projeto não ficar pronto, qual o impacto?
- E se ficar pronto como ele sempre sonhou, qual o impacto também?
- Por que ele está fazendo aquele projeto?
- Ele tem o investimento necessário?
- Ele sabe quais são as etapas do trabalho?
- Ele tem noção de quando o projeto precisa ficar pronto?
- Que tipo de projeto ele deseja ter?
- Que tipo de cores, acabamento, decoração ele tem mais desejo?
Uma vez que você entende essas e outras questões vai ficar muito mais fácil de você precificar um projeto, pois você saberá cada detalhe da necessidade do cliente e com isso poderá mapear e planejar melhor o seu trabalho.
E explicando cada etapa, cada parte do processo, cada detalhe do que será feito e quando será executado também facilitará para o cliente entender o que ele está comprando. Com isso, você gerará valor para ele e a possibilidade dele fechar o contrato e de não pedir desconto aumentam.
Evitando os principais erros ao se abrir um escritório de arquitetura
Obviamente esses erros não são os únicos que arquitetos cometem ao abrirem sua própria empresa. Entretanto, evitando esses 4 erros principais, você já estará bem na frente da grande maioria das empresas e estará minimamente mais preparado para todos os desafios de ser empreendedor.
E caso deseje um conteúdo mais completo e que vai te preparar para grande parte dos desafios, você pode baixar o Ciclo do Encantamento, uma metodologia criada para que você consiga atrair mais público e clientes. São 12 passos que vão desde a criação de um site e portfólio até a execução do projeto e relacionamento com cliente para futuras indicações.
Esse texto foi escrito por Pedro Renan, Gerente de Marketing B2B da Viva Decora, um portal de decoração, reforma e mobília.