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A cidade de Curitiba possui hoje cerca de 72 milhões de m2 de terrenos privados subutilizados sendo 4.2 vezes a mais que a área total de parques e praças que somam apenas 17 milhões de m2. A cidade que se orgulha de seus parques possui uma realidade desconhecida, a de lotes vazios que são uma ameaça à vida urbana por gerar insegurança e desperdício de investimentos urbanos. Esses lotes formam espaços ociosos, geralmente sem uso há décadas e permanecem sem atividade explorando o crescimento da cidade para sua valorização e especulação imobiliária.
Hipótese
Qual o limite entre o direito de propriedade de um e o direito à cidade de todos? Quanto devemos respeitar o direito de especulação imobiliária do investidor? E se ultrapassássemos as noções de público e privado, tornando público o uso dessas propriedades com programas temporários e efêmeros de lazer, que correspondam às necessidades e expectativas da população?
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Proposta
A disponibilidade de áreas vazias na cidade é um potencial pois enquanto não são ocupadas podem servir de áreas de recreação e lazer da população, agindo como um parque ou praça. Cada lote vazio possui o potencial de receber um evento, definido de acordo com as suas características. A duração e o tipo do evento variam de acordo com o público envolvido e terreno ocupado.
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Ação
Foram realizadas quatro intervenções na cidade como cinema ao ar livre, jardim urbano, galeria aberta com artistas e evento com música. A iniciativa participou da exposição Arquitetura para Curitiba, presente no Museu Metropolitano do Portão de maio a agosto de 2017. Nosso objetivo é continuar com esse movimento, incentivar e promover o uso desses espaços pela população através de um processo colaborativo. Em parceria com a prefeitura de Curitiba estudaremos a possibilidade de isentar os proprietários do IPTU progressivo no tempo para implementar a iniciativa.
Acompanhe as futuras ações, participe: www.vaziourbano.com
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Crossprograming
Seguindo o conceito de Crossprograming de Bernard Tschumi sobrepomos programas em espaços criados para outros usos (ou nenhum uso). Organizamos eventos em terrenos privados vazios que resultaram na sobreposição: Estacionamento + galeria de arte; Jardim + cinema; Estacionamento + musica; terreno baldio + jardim urbano.
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Eventos reais x Eventos virtuais
Eventos - programa ativado através de objetos e intervenções arquitetônicas - são possíveis hoje num nível público apenas como um reflexo de um evento das redes sociais. Um evento - concentração de pessoas que se encontram fisicamente para socializar - só existe após a criação de um evento no facebook. O evento real só se valida após X curtidas e X compartilhamentos. Transeuntes, pedestres e curiosos não são propensos a participar do evento, apenas quem foi convidado online se sente parte e participa ativamente.
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Propriedade
O senso de propriedade de terrenos abandonados na cidade é relativo. Acreditamos e defendemos que ele pertence mais aos vizinhos do que ao dono por direito, seu uso temporário não ameaçaria a posse legal do proprietário e traria um sentimento de pertencimento e comunidade à população.
Via: Vaziourbano