Na última semana, em 7 de novembro e sob o título "Criatividade Compartilhada", Rafael Aranda, co-fundador do RCR Arquitectes junto a Carme Pigem e Ramón Vilalta, palestraram no Palácio Miramar de San Sebastián (País Basco, Espanha), na conferência inaugural da I Bienal Internacional de Arquitetura MUGAK.
Diante de uma lotada platéia com mais de 200 pessoas, Aranda referiu-se ao processo criativo desenvolvido pelo estúdio catalão vencedor do Prêmio Pritzker 2017 e que se baseia na frase do pedagogo José Antonio Marina: "a criatividade compartilhada é o que permite para um grupo de pessoas não necessariamente extraordinárias obter resultados extraordinários ".
Desta forma, Rafael mostrou e comentou alguns dos extraordinários projetos gerados a partir do modo criativo de fazer e sentir a arquitetura. Também observou que esses projetos são sempre abordados com "o mesmo pensamento: aproximar a natureza das pessoas". Nesse sentido, apresentou exemplos da convivência com a natureza, a quebra de barreiras entre o interior e o exterior e optou por propostas em que "quanto mais o tempo passa, menos arquitetura será, pois a vegetação crescerá e será cada vez mais natural". Chegando a um momento em que não exista diferença entre o natural e o artificial, conseguindo que a "arquitetura seja um todo".
Por outro lado, o arquiteto enfatizou o importante papel do usuário dentro de suas intervenções arquitetônicas e o uso que esses usuários fazem delas:
Não estamos interessados em um espaço configurado. É a pessoa que configura e ativa o espaço e não o espaço que configura como as pessoas precisam estar nele. Nós gostamos de espaços que são paisagens.
Por fim, Aranda enfatizou a importância do contexto e ambiente da cidade de Olot para o estúdio RCR, onde, como explicou, "aprendemos com a pobreza, o essencial. Algumas paredes e algumas tábuas. Aprendemos a lógica construtiva. Com materiais mínimos se pode obter muito".
Na mesma linha, explicou por que o lugar onde localiza-se seu estúdio, a antiga fundição Barberí, um lugar "que nos emocionou", é tão importante em seu processo criativo. É a necessidade de "estar em um lugar que nos permita ir além de construir edifícios, que nos permita pensar e emocionar as pessoas"
Esta conferência foi o primeiro de muitos eventos que foram apreciados ao longo da semana inaugural à 1ª Bienal de Arquitetura de Mugak e que terminou com a conferência do arquiteto japonês Sou Fujimoto. A Bienal continuará a ser realizada nos próximos meses, entre novembro, dezembro e janeiro, e fará da cidade de San Sebastían o fórum de arquitetura para acadêmicos, profissionais, estudantes universitários e cidadãos em geral.