Bee Breeders divulgou recentemente os vencedores do Prêmio Modern Collective Living Challenge, parte da série de concursos Global Housing Crisis. O edital solicitava que fossem pensados novos modelos habitacionais acessíveis aos agricultores rurais remanejados da China, onde a urbanização acelerada vem criando um enorme êxodo rural. Apenas uma equipe brasileira, formada pelo coletivo-rt (arquiteta e professora Unicap Ana Luisa Rolim) e estudantes de arquitetura e urbanismo Unicap, Larissa Falavigna, Maria Júlia Jaborandy e Hugo Santiago, foi premiada no concurso com uma menção honrosas. Conheça a proposta deles abaixo:
Descrição enviada pela equipe de projeto.
Tri-plus é um sistema produtivo e flexível, de espaços abertos e fechados, públicos e privados, verdes e habitáveis, relacionado à tradição do número três, que, associado ao nascimento e às joias do Budismo (iluminado, ensinamento e comunidade), é celebrado na cultura chinesa.
Como no milenar texto tauista “Transformamos argila em vaso, mas é o espaço onde não há nada que dá uso ao mesmo”, chineses valorizam espaços abertos para moradia, trabalho e lazer. Na proposta, vazios são fundamentais, ocupando uma malha de 3.30 x 3.30m, estruturada em vigas e pilares delgados, convertendo-se em estufas, plantio, currais para galinhas e porcos, percursos, e playground. O vazio apresenta-se também na habitação, uma edificação em 3 baías, com formato “U” e pátio central, típica na China.
O sistema é composto pelos quatro principais pilares da arquitetura tradicional chinesa: axialidade, simetria, hierarquia e fechamento.
Como em muitos bairros chineses tradicionais, de ruas paralelas e estreitas, que, axialmente, articulam as edificações, na proposta, percursos mais contínuos ocupam a periferia e, os mais curtos, seu centro. A matriz habitacional possui circulação em anel que circunda o pátio e sua expansão resulta do crescimento axial modular, sempre incluindo um pátio.
Como na tradição chinesa, a habitação é simétrica, com pátio e área de serviço/banheiro no eixo central. Se na célula predomina a simetria, o assentamento é assimétrico, permitindo diferentes perspectivas e rotas.
O leiaute reflete a hierarquia de casas tradicionais, polarizando-se em 2 componentes opostos em planta: quartos de pais e filhos. Espaços para higiene localizam-se entre estes dois polos e cozinha e jantar são dispostas em frente às áreas de permanência.
O fechamento do sistema gera perspectivas definidas, que enriquecem a experiência do caminhar. O pátio da casa, fechado por muro, permite que fachadas exteriores tenham mais ou menos aberturas, conforme demandas climáticas na China.
Estratégia
A configuração de 2 pavimentos possui 16 unidades residenciais, de 70m2 cada, no nível térreo, e 09 no 1º pavimento, ocupando 4.831,5m2. A expansão das unidades do 1º pavimento (para 106m2) ocorreria sem alteração da área verde. Já na versão de um pavimento, tem-se 25 unidades em 6.087m2. Reforçando a permeabilidade sustentável do solo, os espaços verdes descobertos somam uma taxa de 25%, além das hortas, currais de porcos ou galinhas, estufas e áreas de plantio, que também minimizam a aquisição de bens externos pelos moradores.
Materialidade e sustentabilidade
Elementos estruturais em concreto, tijolos ecológicos e esquadrias em madeira definem a materialidade. Tijolos, fabricados pela comunidade, gerariam paredes sólidas, efeitos tridimensionais em torno das aberturas ou paredes perfuradas no acesso e lavanderia. Módulos de uso coletivo (currais de porcos ou galinhas, hortas e estufas) ajudariam a auto-sustentabilidade do sistema.
O pátio da habitação permitiria a ventilação e iluminação naturais. Através deste, a parede vazada que o divide do corredor, atuaria na secagem de roupas. As áreas verde marcam a proposta, em hortas integradas às escadas, estufas e áreas de plantio. A água da chuva, recolhida por poços ao longo do assentamento, seria usada para manutenção de áreas verdes e animais.
Bee Breeders anuncia os vencedores do Prêmio Modern Collective Living Challenge
Bee Breeders anunciou os vencedores do Prêmio Modern Collective Living Challenge, parte da série de concursos Global Housing Crisis. Os participantes conceberam novos modelos habitacionais acessíveis aos agricultores rurais remanejados da China. A acelerada urbanização da China está fazendo com que milhões de pessoas rurais se mudem para as cidades.