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Foram muitos os projetos elaborados por Wandenkolk Tinoco desde sua formatura no final da década de 1950 pela Escola de Belas Artes de Pernambuco: residências, edifícios institucionais e edifícios residenciais, além de pinturas e esculturas. Afora sua prática como arquiteto de prancheta, Wandenkolk atuou por diversos anos como professor no curso da Faculdade de Arquitetura do Recife, que viria a se tornar mais tarde curso integrante da Universidade Federal de Pernambuco.
Esta vivência pedagógica serviu como ferramenta de projeto em sua trajetória profissional, onde é possível ver um apuro volumétrico, a partir de uma arquitetura bastante própria, que se percebe uma coesão que relaciona o clima local com soluções construtivas que perfazem a tradição: jardineiras, varandas, azulejos, cobogós, além de saques, reentrâncias e vegetação como elementos compositivos e de proteção da incidência solar. Outro aspecto importante é a suave relação entre espaço privado e público, produzindo o edifício sem prejuízo à cidade.
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Wandenkolk e outros arquitetos pernambucanos possuem raros materiais sobre suas produções, apesar da importância na contribuição do desenvolvimento de uma arquitetura moderna com ares locais, valendo ressaltar que a maioria dessa pequena produção não conseguiu romper as fronteiras das pesquisas e colóquios acadêmicos. Fora desse contexto, aparecem as poucas matérias publicadas em revistas especializadas. Neste aspecto vale a crítica à visão curta dos editoriais que não se esforçam em enxergar produções realizadas fora do eixo sul-sudeste e a ausência de uma produção editorial local. Assim sendo, nossa arquitetura vai passando de forma silenciosa pelo tempo, sem o merecido registro e olhar crítico que possíveis publicações e registros poderiam gerar, além de estar presente na cidade de forma anônima, sem que conheçamos quem são seus autores.
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O documentário Wandenkolk vem para romper o silêncio sobre a arquitetura pernambucana, atualmente propalada apenas pelos empreendimentos imobiliários, deixando uma lacuna sobre a produção moderna, que outrora chamou atenção pela sua capacidade de conciliar o pensamento modernista ao modo de construir local. Entre os responsáveis por esse momento está Wandenkolk Tinoco; bastante festejado entre os arquitetos, porém, desconhecido do público em geral.
Hoje a atuação do mercado imobiliário é vista como grande predadora da qualidade urbana das cidades, mas este modelo de mercado já foi diferente, com construtoras interessadas em obras com qualidade construtiva e uma boa relação do edifício com a cidade. É neste tema que a obra de Wandenkolk ganha o maior destaque, principalmente, através da série de edifícios batizados com o termo “Villa” produzidos na década de 70 pelo Recife e Região Metropolitana.
Com o documentário passeamos sobre a tênue linha que liga as ideias às obras através do registro de alguns exemplares, abordando o arquiteto sobre suas concepções arquitetônicas dentro do seu ambiente de trabalho, que também lhe serve de moradia, encrustado na margem do Rio Capibaribe no sossegado bairro da Várzea no Recife.
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Na velocidade cotidiana, onde o espaço urbano vira cenário de passagem, nada mais justo do que desacelerar o olhar; desfazendo a presença anônima da produção de Wandenkolk e circulando suas obras e ideias que formam a intensa elegia da arquitetura ao lugar.
Assista ao documentário completo aqui.
A direção e o roteiro foram realizados por Bruno Firmino, Arquiteto e Urbanista formado pela UFPE e mestrando pela mesma instituição. O filme foi viabilizado através do edital público pernambucano FUNCULTURA Audiovisual.