A O-office Architects, empresa multidisciplinar com sede em Guangzou, tem se especializado em projetos remodelação de antigas estruturas, transformando-as e adpatando-as para o futuro. Seus fundadores, Jianxiang He e Ying Jiang, são conhecidos por explorar os limites da arquitetura contemporânea n China, como apresentado neste recente projeto no qual eles transformam uma antiga fábrica abandonada de Shenzhen em um novo centro cultural e comunitário.
Em entrevista concedida ao ArchDaily, os fundadores do O-office falam à respeito de sua prática e conceitos utilizados em projetos de remodelação dentro do atual contexto da arquitetura contemporânea na China.
ArchDaily: A maioria de seus projetos, inclusive o edifício do escritório do O-office, é um trabalho de renovação e adaptação de edifícios pré-existentes - em geral, edifícios industriais. O que os atrai mais nesta atividade de remodelação de antigas estruturas?
O-office: Ao longo dos últimos cinco anos, na maioria dos projetos desenvolvidos no O-office tinham algo a ver com remodelação de edifícios existentes. Isso tem a ver com o nosso interesse pela história da cidade e pelo desejo de construir um diálogo entre o passado e o presente dentro do atual contexto urbano. Somos apaixonados pela vida da cidade e pelo ambiente construído aonde pessoas e edifícios interagem todos os dias. Procuramos trabalhar em conjunto com os cidadãos para desenvolver uma nova narrativa, adaptando estes espaços para que possam voltar a ser úteis para nossa cidade e seus habitantes. Muitas das estruturas existentes com as quais trabalhamos estavam desativadas ou abandonadas, no entanto, no nosso ponto de vista, elas oferecem maiores possibilidades do que uma folha em branco. Estas estruturas conservam uma série de histórias que permitem conectar-nos com estes lugares de outra forma.
ArchDaily: Qual é a filosofia de vocês no que diz respeito às modificações e ao cuidado com as pré-existências destes edifícios históricos?
O-office: A compreensão das especificidades culturais e o estilo de vida da população local são os principais elementos definidores do nosso processo de projeto. Procuramos desenvolver maneiras inovadoras de ocupar estes espaços, reincorporá-los ao tecido urbano de modo que possam voltar a fazer parte das atividades urbanas de nossa cidade. Nossas decisões de projeto fundamentam-se em observações e pesquisas profundas sobre as atuais condições socioeconômicas da cidade. Ao trabalhar a materialidade em um projeto de remodelação, é excepcionalmente importante conhecer o passado destes espaços e suas características pré-existentes. Nós então procuramos realçar as características originais mais importante e melhorar tudo aquilo que é possível. Este processo de investigação e descoberta é diferente para cada projeto, o que nos permite desenvolver conceitos e estratégias únicas para cada espaço específico. Aqui no O-office nós abraçamos as diversidades e estamos sempre abertos para novos desafios.
ArchDaily: Vocês acreditam que por estarem desenvolvendo projetos de remodelação na China isso faz com que o trabalho de vocês seja diferente de alguma maneira?
O-office: O processo de urbanização na China é único no mundo, tanto pelo seu ritmo, escala e também pela fragmentação de áreas não industriais. Em todos os nossos projetos de remodelação nos deparamos com muitas incertezas, devido a falta de informações técnicas sobre a arquitetura dos edifícios e ao seu futuro imprevisível e incerto. Há uma certa sensação de insegurança nas cidades da China. Atualmente, o crescimento econômico é a grande força que move o desenvolvimento urbano de nosso país. Os projetos de renovação urbana de nossas cidades ainda devem catalisar outras importantes mudanças em nossos ambiente urbanos, aumentando essa sensação de instabilidade. Em resposta à isso, nós não trabalhamos na mesma velocidade com que a urbanização toma conta destes espaços, nossa maneira de adaptar a arquitetura industrial existente ao tecido urbano se desenvolve em outro ritmo. Como se os nossos projetos quisessem manter um certo afastamento do seu entorno; discretamente, mantendo uma distância crítica que permite criar sua própria narrativa e trazer algo novo para o espaço urbano no qual está inserido. Estas antigas estruturas se vestem com uma nova roupagem, que se conecta com a identidade cultural do lugar e ao seu momento específico, promovendo mudanças culturais em seus arredores. Metodologicamente, pretendemos aproveitar a oportunidade para introduzir novos programas em um edifício abandonado ou vazio, construir uma narrativa mais pragmática do espaço, e em última instância, reconhecer as qualidades desta arquitetura e de seus espaços existentes.
ArchDaily: O que vocês pensam à respeito do desenvolvimento das cidades na China em geral?
O-office: A urbanização é resultado direto das leis e regulamentos de cada país. A pesar do rápido desenvolvimento urbano da China ao longo das últimas décadas, muitas das soluções de planejamento não são muito adequadas ou eficientes. Entretanto, há uma pequena quantidade de casos excepcionais e inspiradores. Acreditamos que um elemento importante para que um desenvolvimento urbano seja bem sucedido é transformar a maneira com que projetamos nossas cidades como um produto final do crescimento econômico e do avanço tecnológico. Em vez disso, devemos conceber uma cidade levando em conta seus aspectos culturais de uma forma muito mais ampla e integrada.
ArchDaily: Existe uma tipologia particular de arquitetura que vocês acreditam ser a mais emocionante para trabalhar?
O-office: Para nós existem dois tipos: o primeiro são as estruturas não convencionais, como grandes plantas industriais ou silos; O segundo são projetos voltados à habitação social e espaços urbanos híbridos.
ArchDaily: Qual seria o seu projeto de remodelação ideal?
O-office: O projeto de requalificação ideal deve ser capaz de proporcionar uma experiência tangível de visões utópicas.