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Anunciado em 2016, o complexo Cidade Matarazzo está em obras nos arredores da Avenida Paulista, em São Paulo. Além de uma torre projetada por Jean Nouvel, o conjunto conta com a recuperação do antigo Hospital Matarazzo e Igreja de Santa Luzia, ambos tombados pelo Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.
Para proteger a estrutura da igreja durante as movimentações de terra, a equipe de engenharia responsável pelo empreendimento do Grupo Allard realizou um delicado procedimento para manter o edifício de mil e duzentas toneladas suspenso 31 metros acima do solo.
Em vez de estacas, a equipe usou uma perfuratriz de baixa percussão, evitando qualquer rachadura na antiga estrutura. Oito grandes pilares de 54 metros de profundidade foram concretados sob a igreja que, agora suportada pelo novo conjunto estrutural, teve seu solo rebaixado em 31 metros.
O espaço abaixo da Igreja de Santa Luzia, cujas fundações originais não ultrapassavam um metro e meio de profundidade, será ocupado por oito pavimentos subterrâneos, cinco dos quais servirão como estacionamento e os demais receberão áreas de apoio ao hotel desenhado por Nouvel.
“O parque do Matarazzo é uma sobrevivência. Diria até mais do que uma sobrevivência, é um oásis. É o lugar de uma urbanização calma. É o lugar de árvores incríveis: fícus, talaumas. E este hospital no meio é uma espécie de pequena cidade, muito bem organizada com seus pátios. Ao redor disso, uma cidade tumultuada. O que é interessante é trabalhar a partir da memória do lugar”, comenta Jean Nouvel.
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Memória mantida através de grandes esforços da equipe de engenharia liderada por Maurício Bianchi, que, além de realizar a virtuosa tarefa de fazer flutuar a antiga estrutura, também precisou catalogar e remover todo o piso da Igreja para evitar possíveis danos durante as movimentações de terra. As peças removidas serão, ao fim, reinstaladas de acordo com a posição original.
Indagado sobre eventuais prejuízos ao edifício tombado, Bianchi afirma que "o resultado é impecável. Apesar da estrutura de tijolos antigos, não houve absolutamente nenhum dano."
Fonte: Folha de S. Paulo