A Biblioteca Parque Villa-Lobos (BVL), na zona oeste de São Paulo, é uma das cinco finalistas do prêmio de melhor biblioteca pública da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA), a mais importante entidade internacional da área. A Biblioteca Parque Villa-Lobos foi construída na área onde antes funcionava um depósito de lixo a céu aberto. O esforço de revitalização do local deu início ao espaço de leitura gratuito e de livre acesso, nos moldes da Biblioteca de São Paulo, no parque da Juventude, que já concorreu a outro prêmio internacional.
A candidata brasileira concorre com espaços da Noruega, Holanda, Estados Unidos e Cingapura. Este ano, a instituição, que é parceira da Unesco, recebeu 35 candidaturas de 19 países. A vencedora do prêmio será conhecida na reunião anual da IFLA em 28 de agosto, numa cerimônia em Kuala Lumpur, na Malásia. O prêmio é de 5 mil dólares (cerca de R$ 19,4 mil).
Entre os critérios de premiação, estão a interação do equipamento com o entorno, a programação de serviços e atividades, se a biblioteca oferece oportunidades de ensino para a comunidade e se é usada de maneira inovadora para enriquecer a experiência dos frequentadores.
Projeto
A BVL ocupa um pavilhão de concreto, aço e vidro, projetado pelo arquiteto Décio Tozzi e inaugurado em 2013, para sediar um centro de referência em educação ambiental. Mas a Secretaria de Estado do Meio Ambiente de São Paulo nunca chegou a ocupar plenamente o pavilhão, assim ele foi destinado para a biblioteca. O profissional priorizou o uso do concreto aparente, criando pórticos interligados a uma grelha na fachada, onde se destacam varandas abertas para os espelhos d’água que rodeiam a construção. Internamente, os grandes vãos, de pé‑direito duplo, e as generosas aberturas protegidas por esquadrias com vidros transparentes criam ambientes iluminados.
Os interiores foram desenvolvidos por Marcelo Aflalo e a proposta de atividades integradas com a leitura, foram o ponto de partida, evidenciando o caráter multidisciplinar. Entre as adequações para abrigar a biblioteca, Marcelo usou alguns artifícios para criar conforto ambiental e reduzir o excesso de luminosidade como a instalação de películas para proteção solar sobre as placas de vidro da cobertura, conforme destaca o site da instituição. Nas fachadas, o projeto procurou proteger os interiores da farta insolação com uma malha de cabos de aço recoberta por vegetação, que funciona como filtro solar e atenuador da temperatura.
Parte do térreo é ocupada por praça circular que conta com uma estrutura bem particular com “pétalas” semitransparentes que filtram a luz solar direta. Sob ela, uma oca de madeira que funciona como mobiliário em grande escala, com piso de tatame, almofadas e pufes. O espaço é usado para narrações lúdicas e contação de histórias. Um painel de grande formato resume a história da Terra e os impactos da ação humana sobre ela.
Funcionamento
Não é necessária carteirinha para quem quiser ler os exemplares no local e o acervo fica quase todo à mostra, em prateleiras abertas –no térreo, os livros infantis e infantojuvenis. No segundo e terceiro andares, os títulos para adultos.
Há ainda histórias em quadrinhos, computadores, um acervo de DVDs. E o uso de tablets em atividades de iniciação à leitura, para crianças de seis meses a quatro anos – que deitam, brincam e leem no tatame a disposição no térreo. O espaço também serve para conversas com autores e aulas de ioga.
A inclusão também aparece. Deficientes visuais têm acesso a todos os livros do acervo por meio de um aparelho que lê as páginas e as transforma automaticamente em audiolivros. Além de livros falados (obras que têm as falas interpretadas por atores), os em braile e um virador automático de páginas. Apenas uma sala do prédio mantém a exigência de que as pessoas façam silêncio. A ideia da biblioteca da capital paulista é ter o mínimo de regras possível.
Via HAUS.