Segundo patrimônio construído mais visitado da Europa, atrás apenas do Coliseu em Roma, a Basília de São Marcos em Veneza recebe anualmente mais de 5 milhões de visitantes. Suportando este contingente, os pisos de mosaico bizantino do século XI parecem, no entanto, sucumbir ao efeito das marés da cidade flutuantes.
As ondulações no chão da basílica são perceptíveis à olho - os pés já não as tocam há uma década, sendo permitido caminhar apenas sobre tapetes sintéticos - chegando a rachar nos pontos mais críticos, sobretudo no centro do edifício. Atualmente, apenas 20% das figuras geométricas de mármore e pedra são originais, o restante foi restaurando ao longo dos últimos 10 séculos pelos artesãos da Fábrica de São Marcos.
Anunciado pela imprensa italiana como um edifício à beira do colapso, o estado de São Marcos é crítico, mas não chega a tanto, afirma Mario Pina, responsável pela conservação da igreja. O arquiteto lidera um projeto que pretende proteger a catedral da força da água do mar. Atualmente, quando a maré sobe, a água da Lagoa de Veneza (de água salgada) é transportada por canais subterrâneos de chuva e inundam a praça de São Marcos, ponto mais baixo da cidade.
O projeto chefiado por Pina é simples, ao menos em teoria, e prevê a impermeabilização dos canais e a instalação de cinco tampas que impedirão a água das marés de chegar à superfície na praça. Segundo o arquiteto, com a implementação da proposta, diminuirão as inundações do nártex (entrada) da catedral. As outras seções da igreja, central, laterais e o presbitério, que estão em um nível mais alto, só se inundaram no dia 6 de novembro de 1946.
Simples no papel, mas complexo na prática, como qualquer projeto envolvendo um edifício dessa importância e idade. No enanto, Pina é franco sobre a condição da basílica e o que se pode efetivamente fazer: “Sofre uma grande variedade de formas de deterioração dos mármores, pedras e mosaicos. Continuamos trabalhando para contrastar o deterioro. Não se pode curar, mas sim mitigar”.
Fonte: El País.