Há exatos cinco meses, a população paulistana assistia ao trágico desabamento do Edifício Wilton Paes de Almeida. Após um incêndio de grandes proporções a estrutura do icônico edifício moderno de 24 pavimentos veio abaixo, deixando dezenas de mortos e feridos, além de centenas de desabrigados. Localizado no entroncamento entre a Avenida Rio Branco e o Largo Paissandu, o desabamento atingiu outros três edifícios adjacentes, entre eles a sede da Igreja Luterana de São Paulo.
O templo que compõe o conjunto de edifícios religiosos pertencentes à comunidade Martin Luther e que recebe parte da comunidade alemã instalada na cidade, foi projetado pelo arquiteto Guilherme Von Eÿe integralmente construído seguindo as premissas do estilo neogótico e finalizado em meados de 1908. O edifício de valor histórico e patrimonial foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP) em 1992 e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT) em 2012.
Ocupando uma área de mais de 1000 metros quadrados e aproximadamente 465 metros quadrados somente no pavimento térreo, passou por uma reforma interna entre os anos de 2012 e 2013 para restauração e conservação dos elementos arquitetônicos. Infelizmente, por falta de verba a restauração em sua fachada não pôde ser iniciada, forçando a Igreja buscar apoio pelo incentivo da Lei Rouanet, que não teve sucesso.
De acordo com relatórios técnicos divulgados, quase toda a cobertura do edifício foi atingida, como o forro de madeira original com mais de 100 anos de história e vitrais produzidos pelo vitralista Conrado Sorgenicht. Parte da história do edifício foi perdida e cerca de 80 por cento atingidos, com exceção da torre e altar.
Pelo valor histórico e afetivo, a reconstrução do templo é fundamental e membros da comunidade luterana têm se organizado para que a restauração seja concluída. Atualmente, junto à parte dos escombros ainda presentes no terreno aonde o edifício de 24 pavimentos veio a ruir, nota-se andaimes e os primeiros trabalhos na fachada da igreja sendo iniciados.
As ruínas retratam como o patrimônio e a memória do Brasil têm sido tratados, com investimentos insuficientes e má gestão do dinheiro público.