-
Arquitetos: FRAM arquitectos
- Área: 100 m²
- Ano: 2018
-
Fotografias:Fernando Schapochnik
-
Fabricantes: DuPont, Aluar, Corian, JOHNSON ACERO, isoland, ternium siderar
Descrição enviada pela equipe de projeto. Dique Luján é uma pequena região localizada no norte da Província de Buenos Aires e delimitada pelo Rio Luján e pelo Canal Villabueva. Trata-se de um lugar que reúne as características dos povoados típicos do Delta, campos rodeados de grandes lagos que favorecem o desenvolvimento de uma vegetação abundante de caráter tropical. Essas particularidades geográficas e ambientais têm, no âmbito histórico, uma influência direta na Arquitetura do Delta cujo diálogo foi tema durante o desenvolvimento deste projeto.
O terreno é caracterizado pelo Rio Luján, o qual conforma boa parte do perímetro, além de sofrer inundações periódicas, definindo assim uma cota de inundação máxima de um metro acima do nível do chão, e também pela presença de exemplares arbóreos variados, entre eles um Nougueira Pecã e um Cipreste Calvo, típicos do Delta do Paraná.
Estes elementos foram fundamentais para definir a implantação da casa em relação ao seu entorno, tanto horizontalmente, respeitando e incorporando a vegetação existente, quanto verticalmente, localizando o nível do piso acabado acima da cota de inundação.Esta última condição refere-se diretamente ao caráter das construções tradicionais do Delta, dissociando o plano de habitar a expansão natural.
A casa foi implantada em sentido longitudinal, no sul do lote, aproveitando as dimensões dele para liberar a maior superfície do terreno. Tanto a organização do programam como o volume responderam diretamente a essa decisão. As áreas de serviço da casa foram colocadas mais ao sul, enquanto as áreas de estar no oposto, possibilitando que as áreas sociais se abram para o próprio terreno.
Uma circulação longitudinal responsável tanto pela chegada quanto pela distribuição faz a fronteira entre os locais de menor e maior dimensão enquanto coincide com a posição da cumeeira. Desta forma, a partir do eixo da cumeeira, há uma assimetria na seção da casa que é refletida diretamente nas águas do telhado, as quais se estendem para além do limite das paredes, criando grandes beirais.
Três pátios interrompem a continuidade deste corredor. O maior deles recebe os visitantes que sobem as escadas da entrada da casa. O segundo, nomeado de pátio da Nogueira, cerca a árvore existente, conservando e incorporando seu tronco na paisagem interna da casa. O terceiro coincide com o hall de acesso para filtrar a relação visual com o vizinho.
Uma varanda de profundidade constante percorre toda a frente da casa, remetendo ao caráter arquitetônico local. Uma vez que não havia restrições para acessar o lote com transportes tradicionais, o descolamento da casa do chão se resolve com três vigas de concreto armado que se apoiam sobre uma série de pilares que lembram o embasamento das palafitas.
Essas vigas recebem a carga de uma sucessão de pórticos estruturais de madeira que delimitam os espaço internos e externos, além de ser uma estrutura portante e espacial. Esta lógica construtiva se afasta dos sistemas tradicionais, permitindo flexibilidade na montagem dos espaços, bem como nas dimensões e quantidades de tratamentos de janelas.