A arquiteta Daniela Lamartine, buscando uma alternativa à crise habitacional sueca, desenvolveu um projeto para uma comunidade flutuante. Apelidado de Floathub, o projeto propõe uma mudança radical na maneira como as pessoas têm tido acesso à moradia na Suécia: comunidades habitacionais permanentes, flutuantes e móveis. O sistema foi concebido para operar em um sistema de cooperativas, aonde os moradores aprendem a construir suas próprias casas. A cooperativa funcionaria como uma espécie de gestora, fornecendo a infraestrutura necessária para a construção das diferentes tipologias flutuantes, as quais foram planejadas para serem construídas através de uma CNC, evidenciando um novo estilo de vida flexível e móvel.
Historicamente, o mercado imobiliário na Suécia tem operado em uma lógica segregadora, ampliando as desigualdades econômicas e dificultando o acesso à moradia para boa parte da população. A principal ideia por trás do Floathub, além de proporcionar acesso à moradia, é promover um estilo de vida flexível e não vinculado à propriedade da terra, ou seja, unidades residenciais móveis sobre a superfície d'água. Cada tipologia possui características diferentes que agregam valor à comunidade flutuante, possibilitando uma maior acessibilidade e inter-conectividade à medida que constitui uma rede interligada de FloatHubs, uma comunidade fluvial. A comunidade flutuante opera em conjunto, e cada morador é responsável por seu consumo dentro da rede. Esta lógica de cooperativa tende a estabelecer novos padrões de economia de recursos, onde toda economia resulta em um benefício para todos. Baseada em três diferentes sistemas: produção, reciclagem e venda automática de energia, os moradores da comunidade poderão viver desconectados das redes municipais de abastecimento, além de que imobiliárias não serão necessárias uma vez que a própria cooperativa desempenha o papel de gestora.
A interface da comunidade com a cidade se dá através de um píer, a estrutura responsável por manter o vínculo entre a comunidade fluvial e a vida em terra firme. Todas as unidades seriam construídas no local, a partir da instalação prévia de uma fábrica flutuante, a qual define o ponto base da comunidade. Apesar disso, cada unidade é independente e pode ser transportada para qualquer lugar através da água. Além disso, a fábrica flutuante funcionará como uma espécie de centro comunitário, onde serão ministrados workshops e palestras sobre as comunidades existentes e as associações de moradores flutuantes.