Arquitetos são conhecidos por encontrar sua fonte de inspiração nos lugares e objetos mais inesperados, como uma esfinge por exemplo. Os arquitetos da Kalliope Kontozoglou buscaram referencia em uma escultura de esfinge, originalmente encontrada no Chipre e que atualmente encontra-se no Museu do Louvre. Suas formas peculiares foram a grande fonte de inspiração para o desenvolvimento da proposta apresentada no Concurso Internacional de Arquitetura para o novo Museu Arqueológico do Chipre.
Em forma de homenagem ao rico histórico cultural do país, os arquitetos propuseram um museu "multidimensional" que procura enquadrar a singular topografia de Nicósia, fundindo-se com o tecido urbano da cidade. Espaços públicos se entrelaçam com as áreas expositivas do museu construindo uma sequência de “paisagens narrativas”, promovendo um diálogo direto entre os visitantes, a paisagem e a herança cultural cipriota.
“Observando o passado, podemos melhor compreender quem somos e de onde viemos ... A arqueologia nos mostra que a história e a cultura de um povo estão intimamente ligadas ao seu local de origem.” - Kalliope Kontozoglou
O projeto dos espaços do museu foi concebido como um percurso de descobertas arqueológicas. A partir da praça frontal e através de uma generosa rampa de acesso, os visitantes chegam a um grande jardim barroco e um terraço sob pilotis. A partir deste espaço central de acolhida, é possível percorrer as ruínas arqueológicas atualmente em processo de escavação, exposições temporárias e uma "arena". Os espaços abertos do museu se conectam com o tecido urbano da cidade através de "tentáculos paisagísticos", uma série de rampas que dão acesso aos "jardim das minas de cobre" e mais além ao rio.
Os visitantes são convidados à entrar no museu pelo "olho da Esfinge", um grande átrio vertical repleto de relevos entalhados nas paredes. Os espaços de apoio como as bilheterias e as lojas de souvenires se abrem diretamente para este espaço semi-público, direcionando os visitantes em direção à galeria de exposições temporárias e ao café, ambos localizados em pequenas estruturas secundárias.
A partir do foyer principal, os visitantes são conduzidos às galerias de exposições permanentes por uma série de escadas rolantes, as quais convergem em um amplo terraço expositivo em três níveis, conectados entre si por rampas. Estes terraços ou jardins suspensos, encontram-se conectados à um pavilhão na cobertura aonde estão expostos diversos artefatos, contextualizados em um jardim arqueológico.
No final desta jornada, toda a história arqueológica do Chipre é resumida em uma narrativa espacial instalada em meio a arena. Ao redor da arena encontram-se a biblioteca, o Instituto de Antiguidades e a Sala de Conferências, organizadas em uma sequencia em forma de leque, iluminadas pelas aberturas que permeiam a estrutura do edifício. Junto à fachada sul encontram-se o centro de pesquisa e um novo túnel que foi construído para conectar o edifício às antigas instalações do museu arqueológico.