Formado em 1960, Ruy Ohtake atua na prática arquitetônica há mais de cinco décadas, tendo trabalhado juntamente com outros grandes nomes da arquitetura brasileira, como Vilanova Artigas e Paulo Mendes da Rocha. Até meados da década de 1980, sua produção se caracteriza por projetos bem alinhados com o que se produzia então em São Paulo - uma arquitetura notadamente brutalista, pautada por poucos materiais e um vocabulário bem definido.
No entanto, a partir daquele período, a obra de Ohtake mostra uma transformação singular, ausente em outros arquitetos da época. Repleta de cores e ícones facilmente identificáveis - vêm à mente o Hotel Unique ou da sede do Instituto Tomie Ohtake, por exemplo - sua produção mostra um caráter popular na medida em que atrai o gosto (e apelidos) da população, mas ao preço de frequentes críticas por parte de colegas de profissão.
Em depoimento a Eduardo Sombini, Ohtake discorre sobre a gênese do modernismo no Brasil, sua admiração pela obra de Niemeyer e Aleijadinho, e por que os arquitetos não gostam de seu trabalho:
"A população gosta muito dos meus trabalhos, mas os arquitetos, não. No começo, eu ficava preocupado porque a inteligência da arquitetura levantava polêmica. Há um establishment aqui, e eu dei um passo à frente. Todo rompimento no que está instalado gera polêmica com quem está na vanguarda, mas a arte e a arquitetura avançam em saltos."