Se quiséssemos referir uma das marcas mais distintivas da cidade de Padova, no que à sua estrutura urbana diz respeito, seria inevitável dar conta de uma rede de pórticos e galerias cobertas que organizam os percursos e se abrem para definir espaços de praça, lugares públicos de convergência comunitária.
Esta rede de pórticos e espaços vazios empresta à cidade e ao seu ambiente urbano uma atmosfera única em que o espaço publico se oferece mais confortável, e onde a vida urbana ganha um caráter intimo e um sabor quase domestico.
Os edifícios mais preponderantes são envolvidos por praças e espaços vazios, criando uma interessante ambiguidade entre positivo e negativo, em que ambos contribuem para as virtudes do espaço urbano.
Este modo de construir a cidade é também uma resposta às condições geográficas e climáticas do lugar, protegendo a habitabilidade urbana das condições adversas do Inverno ou dos verões quentes da planície Padovana.
Novo Campus / Hortus Magnus
A primeira condição que o projeto do novo campus impõe a si próprio é a de estender de novo a cidade de Padova até ao lugar do convento de Santo Agostinho, substituindo um espaço isolado e esquecido por um lugar de futuro que volte a ser uma nova porta da cidade e um lugar estratégico de desenvolvimento urbano.
É para isso indispensável edificar uma urbanidade neste lugar que constitua uma continuidade morfológica com o centro histórico, recriando um novo Hortus Magnus, uma nova escola capaz de difundir o saber e o conhecimento, e voltar a ser o motor de agregação entre uma comunidade científica altamente qualificada e os cidadãos que aqui encontrarão uma extensão natural da sua cidade.
Pórtico / Aqueduto (Sistema e Infraestrutura)
A ideia de pórtico e aqueduto fundidos num único elemento e transformados numa infraestrutura urbana capaz de gerar um sistema regulador constitui o DNA do projeto.
É esta instrução genética, cuja origem é colhida na historia remota da cidade e do seu funcionamento, que aqui se manipula para garantir um sistema capaz de associar todos os tempos e arquiteturas, espaços cheios e vazios, estruturar o território e assegurar-lhe uma infraestrutura técnica, tecnológica e altamente eficaz, dando origem a um lugar simultaneamente atemporal e absolutamente novo.
Este sistema é utilizado para assegurar as ligações entre todos os edifícios do campus, disponibilizando atravessamentos e áreas de estadia cobertas, ao mesmo tempo que garante uma rede de ligações de infraestruturas técnicas entre todos os volumes construídos. Esta rede tecnológica e sistêmica, dispensa ser transportada em subsolo evitando assim todos os confrontos com um potencial campo arqueológico e oferecendo-se como elemento acessível e de fácil manutenção.
Mas é também este pórtico/aqueduto que organiza e dimensiona toda a estrutura do lugar, subdividindo os diferentes setores, dando origem a uma matriz de espaços vazios com limites definidos mas absolutamente permeáveis.
Talvez um dos aspectos mais interessantes deste sistema seja o fato de se poder, através da sua materialização, definir tanto os espaços cobertos exteriores quanto as novas edificações sem a necessidade de outra arquitetura que não a da sua própria gênese.
FICHA TÉCNICA
- Arquitetura Coordenação: Bak Gordon Arquitectos
- Especialidades e Associados: Studio Muratori & Zanon, Studio Associato Tranchida, Studio Campanella Tessoni, STC Group, PROAP, Ar.glo. Engineering Group, Geoarcheologi Associati, Antonio Buggin, Federico Muratori e Luciano Ricci
- Colaboração: José Pedro Cano, Pietro Dardano, Fábio Ferreira, Maria Barreiros, Barbara Fonseca, João Aires Neves
- Localização: Padova, Itália
- Cliente: Università Degli Studi di Padova
- Áreas: 29.315 m² de área construída
- Data: Concurso 2019
- Custo: 46.796.933,00 €
- Imagens: Stefano Farina
Texto enviado pelo escritório.