O projeto da Escola da Pedra Furada é uma demanda trazida por um instituto que atua em Sergipe com o objetivo de desenvolver soluções integradas entre tecnologia e processos humanos, tendo como áreas prioritárias a educação, saúde pública e economias criativas. A escola carrega a missão de trazer melhorias nos índices educacionais e econômicos do Povoado da Pedra Furada e cercanias.
O processo de desenvolvimento da Escola da Pedra Furada reverte o processo de concepção clássico de se projetar em arquitetura. Nessa inversão, a comunidade para a qual a escola se destina é capacitada a desenhar junto e influenciar na tomada de decisão do desenho; assim, os ‘arquitetos’ de formação desempenham um papel horizontal e podem, com o seu conhecimento de técnicas especializadas, traduzir as intenções colocadas pela comunidade quando esta esgota a sua gama de expressão.
Uma série de oficinas foram estruturadas para a concepção de projeto junto com a comunidade. Desenhos e simulações em maquetes físicas foram executadas de maneira a ordenar arquitetonicamente os desejos e necessidades da comunidade.
A construção da Escola se valerá, prioritariamente, do uso de materiais de natureza orgânica, uma forma de se adaptar à paisagem rural circundante; traz ainda uma relação com a identidade cultural construtiva dessa região litorânea de Sergipe. O projeto utiliza como sistema construtivo primário estrutura de concreto moldado in loco - fundações, pilares e vigamentos - e estrutura secundária em madeira laminada colada (MLC). Para as paredes de vedação serão utilizadas técnicas da construção com terra - Taipa de Mão e tijolos BTC. No piso, Ladrilhos Hidráulicos, acabamento encontrado nos casarões e igrejas dos tempos áureos de Santa Luzia do Itanhy.
Boa parte da edificação será construída pela própria população local sob o regime de mutirão, empregando, após oficinas de capacitação, tecnologias da construção contemporânea com terra.
A obra da escola deixará um legado de conhecimento para a população local, impulsionando a estruturação de um núcleo tecnológico que terá como o seu primeiro objeto de trabalho a Escola da Pedra Furada. Esse núcleo tecnológico, voltado para técnicas da construção civil, capacitará a população do município para prestar serviços de construção com terra bem como poderá produzir Tijolos BTC, Ladrilhos Hidráulicos, Elementos Vazados, entre outros materiais para a comercialização, dinamizando a economia local de forma criativa.
Proposta vencedora da categoria Edificações Institucionais, subcategoria "Projeto", da Premiação IABsp 2018 - 75 anos. Texto enviado pelos autores.
FICHA TÉCNICA
- Arquitetos: Coletivo de Arquitetos, Sofia Mazzuco e Gustavo Fontes
- Localização: Povoado da Pedra Furada, Santa Luzia do Itanhy, Sergipe.
- Área: 1.686,50 m²
- Ano de projeto e conclusão da obra: Projeto: 2018 / Obra não concluída.
- Autores: Rodrigo Carvalho Lacerda, Guile Canhisares Amadeu, Gustavo Prado Fontes e Sofia Croso Mazzuco
- Equipe: Diego Regis, Robernildo Araújo
- Colaboradores: NUPPE – Núcleo de Projetos, Pesquisa e Extensão em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Tiradentes (coordenação professora Pedrianne Dantas), Andresa Oliveira (estagiária NUPPE), Annare Reis (estagiária NUPPE), Matheus dos Santos (estagiário NUPPE)