O UNStudio venceu o concurso de arquitetura para projetar o primeiro teleférico internacional do mundo, uma estrutura transfronteiriça que transporá os limites naturais do rio Amur na fronteira entre a Rússia e a China. Inspirado na conexão histórica entre as duas cidades, o teleférico aproximará ainda mais as cidades de Blagoveshchensk e Heihe. O novo sistema de transporte internacional, através das linhas suspensas acima do rio, tem como principal objetivo impulsionar e promover as conexões sociais entre as duas cidades e seus habitantes.
O concurso de arquitetura para o Terminal de Teleféricos de Blagoveshchensk na Rússia foi desenvolvido em duas etapas. Durante a primeira etapa do concurso - organizado ele Strelka KB-, doze escritórios de arquitetura foram convidados a apresentar suas propostas. Dentre estes, dois finalistas foram convidados à desenvolver as suas propostas durante a segunda etapa do concurso, na qual o UNStudio consagrou-se como grande vencedor superando o projeto apresentado pela Coop Himmelblau. A Strelka KB também foi responsável pelo desenvolvimento da estrutura funcional do Terminal que compreende duas linhas e quatro cabines - cada uma com capacidade para 60 passageiros e espaço extra para bagagem - o tempo necessário para transpor a fronteira entre a Rússia e a China será de aproximadamente 7:30 minutos, enquanto o tempo real de viagem será de apenas 3:30 minutos.
Ben van Berkel, da UNStudio, disse que “o sistema desenvolvido pela Strelka KB oferece uma nova forma de transporte público que é sustentável, extremamente rápido, confiável e eficiente. Embora seja uma solução pragmática, viajar de bonde é muito agradável, pois nos permite ver e experimentar as nossas cidades a partir de uma perspectiva completamente diferente. Ao transpor a fronteira natural entre os dois países, o teleférico de Blagoveshchensk-Heihe será o primeiro teleférico do mundo a viajar de um país à outro. Este contexto específico foi uma rica fonte de inspiração para o desenvolvimento do projeto do terminal de Blagoveshchensk, que não apenas se relaciona com à sua localização urbana imediata, mas também procura refletir as características culturais específicas deste lugar.”
Como a equipe afirma, desde meados do século XIX o rio Amur define a fronteira natural entre a Rússia e a China. No entanto, durante o inverno - quando congelado -, o rio literalmente se transforma em uma ponte, uma via comercial, social e cultural entre estas duas cidades. O rio, seja como limite físico ou como instrumento de conexão, foi a mais importante referência para o desenvolvimento do projeto do Terminal. Este limite natural temporário serviu como fonte de inspiração para o desenvolvimento do projeto e a organização do programa do edifício que pretende transpor as fronteiras entre dois países e duas culturas.
A implantação do terminal foi pensada para transformá-lo em um ponto de referência para as duas cidades. Sua estrutura foi concebida para favorecer as vistas pra o rio, criando uma plataforma elevada de observação em direção à cidade de Heihe, ao mesmo tempo que - do outro lado - enquadra as vistas para o centro histórico de Blagoveshchensk. Ao afastar o terminal da movimentada avenida que percorre as margens do rio, um espaço protegido é criado para acolher os visitantes que chegam de Heihe, estabelecendo novos espaços e conexões ao longo de um parque paisagístico implantado entre o rio e o terminal.
Este novo elemento urbano se transformará em um novo ponto de encontro para a população de Blagoveschensk, reconectando a cidade ao rio além de proporcionar um novo espaço para a realização de eventos e atividades culturais. Simultaneamente, um passeio público que atravessa o local faz a conexão entre a praça pública e o parque paisagístico à beira-rio. Formalmente, o edifício do terminal foi moldado como um gesto aberto e acolhedor, permitindo aos visitantes desfrutar de espaços comerciais que flanqueiam a praça e os encaminham em direção às plataformas de embarque. A circulação interna do edifício é duplicada no exterior de forma a criar duas frentes que ativam o programa cultural e comercial do terminal.
Como se brotasse do chão, o edifício também permite o acesso à cobertura a partir da praça pública. transformando o terminal em um grande anfiteatro. A paisagem verde que toma conta da cobertura do edifício o transforma em um parque urbano elevado, animado por plataformas de observação e esculturas urbanas. O verde do edifício parece fundir-se naturalmente com o novo parque ribeirinho entre o terminal e o rio, assim como com a área verde do estacionamento, concebida para ocultar a maior parte dos veículos estacionados aos olhos de quem vem da cidade para o rio.
Créditos
UNStudio: Ben van Berkel with Arjan Dingsté and Juergen Heinzel, Wael Batal, Daniel Cely, Milou van Min, Evan Shaner, Dario Castellari
Assessores:
Gestão do concurso, desenvolvimento do modelo econômico e funcional do terminal – Strelka KB
Imagens: PYXID
Via UNStudio
