- Área: 680 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:BoysPlayNice
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Memorial Tomáš Baťa, projetado pelo arquiteto checo František Lýdie Gahura em 1933, é o principal monumento arquitetônico e ponto de referência da pequena cidade de Zlín, no sudoeste da República Checa. Construído um ano após a morte do empresário, o Memorial é considerado um dos maiores exemplos da arquitetura construtivista de Zlín, a qual ultimamente tornou-se conhecida como “arquitetura Baťa.” À primeira vista, o edifício se revela em toda a sua simplicidade: um volume prismático singelo, implantado no ponto mais alto da cidade sobre o eixo central que atravessa a cidade Zlín. A estrutura do edifício segue uma modulação de 6,15 x 6,15 m enquanto que a fachada foi concebida com esquadrias de vidro translúcido. Interiormente, o edifício é um espaço vazio, etéreo e inabalável, onde descansa um avião do mesmo modelo que Tomáš Baťa pilotou por última vez em 1932.
Gahura concebeu o edifício como um monumento, um espaço vazio definido por apenas três materiais: concreto, aço e vidro. A nova arquitetura de Zlín, que floresceu na primeira metade do século XX no período entreguerras, era marcada pelo uso restrito de materiais e uma simplicidade formal espartana. Para Gahura, era importante que a arquitetura do memorial pudesse expressar com clareza as principais virtudes de Tomáš Baťa: generosidade, clareza, otimismo, simplicidade e honestidade. A pureza de suas formas em conjunto com a simplicidade estrutural, fez deste pavilhão-memorial um edifício quase sacro, levando o construtivismo checo a ser reconhecido mundialmente. Inspirado na arquitetura de templos medievais mas sem utilizar formas historicistas, Gahura conseguiu criar uma atmosfera sublime através de seu um magistral controle da luz natural. Gahura afirmava que o memorial era um edifício de caráter ideológico e por isso, deveria expressar traços específicos do caráter de Baťa através da arquitetura de seus espaços.
O edifício foi construído sem qualquer tipo de instalação elétrica ou hidráulica - um pavilhão desprovido de qualquer sistema iluminação, aquecimento e abastecimento de água. Durante os anos 50, o memorial foi completamente reestruturado e transformado em auditório e galeria, destituindo o edifício de Gahura de todos os seus principais valores e com isso, o nome de Tomáš Baťa foi apagado da memória e relegado ao esquecimento.
Depois de mais de 18 anos de disputas e tratativas, a cidade de Zlín votou a favor de um amplo projeto de renovação que traria de volta o edifício a seu estado original. Isso significaria despojar-se de tudo aquilo que é dispensável, desprover-se de todos os equipamentos e sistemas comuns aos edifícios de hoje em dia, reconstruir o pavilhão tal e qual era. Para viabilizar a reabertura e o funcionamento do memorial, os arquitetos projetaram um novo edifício anexo, onde encontram-se todos os elementos e instalações necessários para sua operação. Neste pavilhão ascético, a experiência do visitante consiste em um percurso contemplativo e introspectivo, um edifício feito de ar e luz. Como o Memorial Tomáš Baťa é um edifício tombado pelo patrimônio histórico, o projeto foi abordado como uma obra de restauro, focada em resgatar os principais valores da obra original de Gahura.
Dado a sua proeminente situação no contexto de Zlín, o edifício memorial é também um marco urbano importantíssimo para esta pequena cidade do sudoeste da República Checa. Embora a possibilidade de utilizar o edifício para a realização de eventos ou exposições seja sempre limitada no que diz respeito à essência ideológica de seu espaço, a sua arquitetura representa um marco na história moderna do país e por isso, deve ser fiel aos seus verdadeiros valores.