O Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Ponta Grossa negou o pedido de tombamento de duas das últimas casas modernistas preservadas da cidade. Os imóveis são a Residência Família Correia de Sá, de 1948, projetada por João Vilanova Artigas, e a Residência Família Justus, de 1950, concebida pelo arquiteto goiano Miguel Juliano, que ganhou destaque nacional pelas obras de cunho público.
A votação foi realizada no dia 30 de setembro e contou com 17 conselheiros representantes de instituições, conselhos e sindicatos da cidade. Embora apenas quatro tenham votado contra o tombamento, a legislação municipal exige um mínimo de 70% de votos favoráveis considerando o número total de conselheiros - todavia, há mais de seis meses quatro organizações não enviam representantes para as votações, o que praticamente inviabiliza o tombamento de qualquer imóvel.
"Ponta Grossa deixa de valorizar dois imóveis modernistas icônicos de arquitetos renomados mundialmente. Duas casas que eram o último exemplar na cidade de Ponta Grossa em condições de tombamento”, lamenta o diretor do Departamento de Patrimônio Cultural da cidade, o arquiteto e urbanista Alberto Portugal.
Segundo a defesa legal da família Justus, o bem não deveria ser tombado por já se encontrar devidamente preservado, registrado e esquadrinhado no livro Artigas e Miguel Juliano: seis casas modernistas em Ponta Grossa, lançado ano passado pelas arquitetas Ana Luísa Furquim Bezerra e Gisele Pinna Braga. Por sua vez, os advogados dos proprietários da Residência Família Correia de Sá afirmam que o interesse cultural da casa não é claro e que o tombamento entraria em conflito com o direito de propriedade, prejudicando possíveis expansões do imóvel - que será possivelmente demolido para dar lugar a uma clínica de cinco pavimentos.
O descontentamento de alguns setores da sociedade resultou em um abaixo-assinado online que pede nova votação para os tombamentos, disponível na página do Avaaz, com meta de reunir duas mil assinaturas. Até o momento desta publicação, mais de 1.200 pessoas assinaram, contribuindo para a preservação do patrimônio moderno brasileiro. Participe!