A 12ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, que fica em cartaz no Centro Cultural São Paulo até dia 8 de dezembro, traz em sua programação a projeção de dois documentários e uma performance que revelam a luta por moradia em São Paulo, especialmente a trajetória e o trágico destino do Edifício Wilton Paes de Almeida, que desabou devido ao incêndio, em 1ª de maio de 2018.
Dia de Festa é um documentário do cineasta Toni Venturi e de Pablo Georgieff, arquiteto franco-argentino que viveu um ano e meio entre os sem-teto, em São Paulo. A dupla acompanhou os preparativos de sete ocupações simultâneas na cidade, lideradas pelo MSTC, em outubro de 2004. Venturi centrou a sua lente em quatro mulheres, Neti, Silmara, Janaína e Ednalva, com histórias e atitudes dignas de protagonistas de cinema. Dia de Festa, de temática contemporânea, estreou em 2006, como parte de uma luta que já resultou em moradia para milhares de pessoas, antes moradores de rua.
Pele de Vidro, documentário ainda em desenvolvimento, é dirigido por Denise Zmekhol, filha de Roger Zmekhol (1928-1976), autor do projeto do edifício Wilton Paes de Almeida. O filme conta a história da maior ocupação vertical de São Paulo, um edifício de 24 andares, considerado uma joia da arquitetura modernista brasileira. Projetado nos anos 60, em uma época de esperança e prosperidade no Brasil, o edifício foi construído nos primeiros meses da ditadura e, durante décadas, serviu como sede da Polícia Federal. Depois, foi abandonado, permanecendo vazio e se degradando, até se tornar a moradia de imigrantes pobres e pessoas sem teto.
O filme é um ensaio poético sobre o deslocamento de pessoas e a falta de moradia, e a narrativa, na forma de uma carta ao seu pai, serve como guia. A cineasta, que mora fora do Brasil, voltou ao país para se reconectar com as pessoas ligadas aos direitos humanos e moradores desalojados pelo incêndio. “Eles estão lutando contra a repressão atual ao Movimento pelo Direito à Moradia, e contra detenções e assédios constantes”, diz a cineasta.
- Filmes: “ Dia de Festa” e “Pele de Vidro”
- Data: 31 de outubro, às 15h, exibições seguidas de debate com os autores
- Local: Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho – capacidade 320 lugares
- Entrada franca
Dez anos antes do fatídico incêndio no Edifício Wilton Paes de Almeida, em 2018, um coletivo de arquitetos capitaneado por Philippe Rizzotti, Pablo Georgieff (o mesmo diretor de “Dia de Festa”) e Marcos Da Silva transformou o prédio negligenciado em laboratório sociocultural. O edifício tornou-se um feliz ponto de encontro para artistas-construtores, atuantes na revitalização do centro. O projeto foi levado a Brasília e as autoridades concederam o usufruto do edifício pelo preço simbólico de um real. Durante a Virada Cultural, uma performance monumental reuniu milhares de pessoas. Agora, durante a 12ª BIA, esta mesma equipe presta uma homenagem ao edifício com uma performance que conta em desenho as histórias dos que viveram, construíram e sonharam. Durante os três dias, um painel instalado na entrada da exposição no CCSP será desenhado pelos arquitetos e a ação filmada por Denise Zmekhol (diretora de Pele de Vidro).
- Performance Momento Monumento
- Data: 27 a 30 de outubro, no hall de entrada da exposição, período da tarde
- Local: Centro Cultural São Paulo - entrada franca