O Arquicast Entrevista da semana fala sobre o trabalho de um arquiteto mineiro com reconhecimento internacional. Formado pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em 1973, Gustavo Penna fundou seu escritório GPA&A no mesmo ano e desde então está instalado em um casarão centenário no centro de Belo Horizonte. Conquistou diversos prêmios internacionais e seus trabalhos já foram expostos no Brasil e no mundo, como a Bienal de Arquitetura, em São Paulo, a Bienal de Veneza, a Trienal de Arquitetura Mundial, em Belgrado e o Institut Français d’Architecture, em Paris.
Gustavo e Laura falam com entusiasmo do processo de projeto no escritório e das influências em sua arquitetura. A referência à nomes consagrados da arquitetura brasileira aparece como natural ao ambiente de produção. Mas chama a atenção a importância que dão às outras disciplinas como alimento ao processo criativo e operacional do arquiteto. O convívio com artistas é mencionado como forma de valorizar o olhar sensível e ampliar o repertório poético da criação. A interdisciplinaridade com outros saberes da ciência urbana também contamina o cotidiano da prática, sendo a presença de geógrafos, sociólogos, engenheiros, entre outros, uma constante na dinâmica do escritório, que opera em diversas demandas programáticas e escalas diferentes.
A busca da pluralidade é um modus operandi da equipe. Se reflete na diversidade de projetos, que demandam uma postura curiosa e uma disponibilidade em aprender sempre, e se reflete no espaço físico de trabalho, onde são comuns a realização de celebrações e encontros entre os membros do escritório e com convidados externos, estimulando um ambiente de criatividade, mas também de familiaridade entre todos. Tal dinâmica impacta ainda na maneira sensível com que os projetos são abordados e na atitude empática que é constantemente incentivada no trato com o outro e na própria visão do papel da arquitetura como criadora de espaços de encontro e trocas entre as pessoas.
A mineiridade naturalmente foi tema de pauta e como ela se manifesta na arquitetura do escritório. Mais do que a transposição literal de formas de fazer ou de escolas de linguagem, o que os arquitetos apontaram foi um orgulho em ser mineiro e na riqueza cultural que o estado oferece. A necessidade de uma arquitetura original, vernacular, nos tempos coloniais parece ter germinado uma vocação criativa e um olhar contextualizado que estão presentes nas produções artísticas mais variadas e características de Minas. Música, dança, pintura, arquitetura, são temas caros aos mineiros. Como também o é a típica paisagem de morros, com a predominância da topografia como um atributo essencial no processo de projeto. Tanto no estudo da implantação no terreno, quanto das potencialidades visuais naturais das perspectivas que o território proporciona.
Para saber mais sobre a carreira de Gustavo Penna e seu escritório, ouça o cast.
Texto de Aline Cruz.