The Arc é o mais novo projeto desenvolvido pelo escritório norueguês de arquitetura Snøhetta: um novo centro de visitantes para o arquivo digital de preservação das memórias do planeta Terra e para o Banco Mundial de Sementes. Localizado em Svalbard, um arquipélago norueguês entre o Mar da Groenlândia e o Mar de Barents e 78° acima da linha do equador. O projeto referencia sua localização boreal e sua função como um importante arquivo digital das mais memórias do nosso planeta. Encomendado pela Arctic Memory AS, o The Arc foi concebido também para acolher e apresentar ao público o Banco Mundial de Sementes de Svalbard - o maior banco protegido de sementes do mundo.
Em colaboração com o Museu de História Natural da Noruega, o centro de visitantes de Svalbard foi concebido para apresentar ao público a história geológica do arquipélago de Svalbard e como sua geografia se transformou ao longo do tempo. A “arca”, projetada pelo Snøhetta, funcionará como um museu onde os visitantes poderão conhecer de perto o Banco Mundial de Sementes e os arquivos digitais do Ártico - um relicário digital da história da humanidade. Como a própria equipe de arquitetos explica, o projeto divide o centro de visitantes em dois volumes independentes; o edifício de acesso e o edifício de exposições. O edifício de acesso contém todas as áreas de atendimento ao público, como o lobby, a bilheteria, o guarda-volumes, um café e as áreas técnicas do arquivo.
“A arca é uma estrutura complexa construída em madeira laminada colada e elementos rígidos de madeira maciça. Um edifício leve que pousa suavemente sobre uma série de fundações apoiadas no leito de rocha do terreno. Sua volumetria retangular parece suspensa acima do chão constantemente coberto de neve, permitindo um melhor desempenho térmico do edifício como um todo. O edifício de acesso é revestido em madeira queimada e painéis de vidro, enquanto no interior, o acabamento é definido por uma série de elementos em madeira laminada colada. Na cobertura foram instalados painéis fotovoltáicos para a captação e produção de energia solar,” explica a equipe do Snøhetta.
O edifício de acesso e o volume que contém os espaços expositivos contrastam fortemente entre si em forma, cor e textura. Enquanto o bloco de recepção e atendimento ao usuário é racional e estóico, o edifício expositivo é expressivo em sua forma, escala e materialidade, projetado como uma forma atemporal e insólita. Visto de longe, o volume do edifício de exposições se revela como um castelo de neve - uma superfície que parece moldada pelas condições climáticas extremas do local. O acesso aos espaços expositivos se dá através de uma passarela de vidro, utilizada para organizar o fluxo dos visitantes em grupos maiores ou menores. Estes volumes contrastantes foram projetados para criar uma espécie de transição, de um ambiente familiar para um edifício do futuro, o Banco Mundial de Sementes.
No coração deste castelo de gelo encontra-se um átrio circular onde está depositado o grande arquivo digital da Arca, um espaço onde os visitantes podem explorar o conteúdo do museu através de suas exposições permanentes e temporárias. Utilizando painéis interativos do térreo, os visitantes podem acessar e explorar o conteúdo dos arquivos do Ártico e do Banco Mundial de Sementes de Svalbard. Atualmente, o arquivo da Arca abriga desde a coleção de arte de Edvard Munch e uma série de manuscritos do Vaticano de até 1.500 anos, até vídeos de Pelé jogando futebol além é claro, da maior coleção de sementes do mundo. O arquivo da Arca é mantido a uma temperatura constante de 4°C. O silêncio fúnebre e a iluminação serena no interior do edifício servem para ampliam ainda mais a sensação de estar dentro de um cofre. O conteúdo armazenado neste castelo de gelo pode ser explorado e descoberto através de sistemas interativos e projeções em painéis digitais sensíveis ao toque. Além disso, o museu utiliza realidade virtual e outras tecnologias de última geração para narrar a história da humanidade de forma acessível e direta.
No interior deste grande cofre, encontra-se a sala de cerimônias, um auditório que pode ser utilizado tanto para projeções, cerimônias, palestras e oficinas, quanto como apenas um espaço contemplativo e de reflexão. O elemento central da sala de cerimônias é uma grande árvore caducifólia, a qual representa a história da região, quando ainda haviam árvores em Svalbard há mais de 200 milhões de anos. Tais mudanças podem parecer espantosas para nós, mas com as atuais taxas de emissões de dióxido de carbono na atmosfera, as temperaturas no planeta tendem a aumentar até o ponto que talvez, florestas inteiras voltem a florescer em Svalbard nos próximos 150 a 200 anos. A árvore é ao mesmo tempo um monumento ao passado e um alerta sobre o futuro - um ícone que não nos deixa esquecer da nossa responsabilidade em preservar o nosso planeta para as gerações futuras.
A Arca tem como principal objetivo educar os visitantes, inspirar soluções inovadoras para o futuro, e preservar a história natural e a memória digital do nosso planeta. Além disso, ela enfatiza a importância de encontrarmos uma estabilidade climática e uma política global de preservação, operando como um alerta sobre a nossa responsabilidade para com o futuro e as futuras gerações.
Via Snøhetta