O World Architecture Festival anunciou recentemente os vencedores da terceira edição do Architecture Drawing Prize, com menção especial para o arquiteto alemão Anton Markus Pasing, quem recebeu o grande prêmio pelo trabalho intitulado ‘City in a box: paradox memories’.
Além de ser coroado com o grande prêmio do concurso, Anton Markus Pasing recebeu o primeiro prêmio na categoria Desenho Digital. O alemão é conhecido por uma abordagem da arquitetura pra lá de experimental, misturando projeto, design, protótipos e artes plásticas. ‘City in a box: paradox memories’ é uma representação de uma cidade desconhecida, carregada de histórias as quais encontram-se contidas em uma grande caixa. Na concepção de Pasing, a cidade-caixa encontra-se em um ‘estado intermediário’, ou seja, ela pode existir e não existir ao mesmo tempo, ser real e fictícia simultaneamente. O próprio artista acrescenta: “Eu sou fascinado pelos processos digitais e os utilizo de diversas formas para desenvolver meu trabalho. Estes processos me permitem obter representações complexas além de me permitirem criar narrativas visuais que de outra forma não seria possível. Não estou preocupado em construir respostas ou soluções, mas criar projetos capazes de levantar outras questões ou simplesmente para ilustrar minhas próprias histórias.”
Narinder Sagoo, arquiteto associado da Foster + Partners e um dos membros do júri, comentou que: “Na minha opinião, o nível de profundidade, a confiança na composição, a simetria pura e a perspectiva utilizada realmente enfatizam a simplicidade da ideia de uma cidade contida em uma caixa. São tantos detalhe que podemos passar horas observando este desenho.” Manuelle Gautrand, também membro do júri e fundadora da Manuelle Gautrand Architecture, acrescentou que a comissão de avaliação “estava em busca de um projeto ousado, algo que transitasse entre o conceitual e o emotivo. Também é importante que o projeto vencedor saiba equilibrar processos digitais e artesanais com sensibilidade, para criar uma espécie de diálogo poético entre as ferramentas utilizadas. Um bom desenho de arquitetura é aquele que nos faz viajar através da própria imagem.”
A cerimônia de premiação terá lugar no World Architecture Festival (WAF) que será realizado na cidade de Amsterdã, um evento patrocinado pela William Hare e com co-curadoria do WAF, do Sir John Soane’s Museum e do escritório de arquitetura Make Architects. O WAF é um evento voltado à promoção do uso criativo de ferramentas e processos digitais de produção de imagens, além de reconhecer a importância do desenho à mão livre nos processos de representação.
Gary Simmons, engenheiro-chefe da William Hare, comentou que “o grupo Hare tem a honra de patrocinar The Architecture Drawing Prize, incentivando e promovendo a arte na representação da arquitetura.”
Nesta edição, o The Architecture Drawing Prize recebeu um total de 126 inscrições de arquitetos (24%) e estudantes de arquitetura (20%) procedentes de 23 países diferentes, revelando a natureza verdadeiramente internacional do prêmio.
O prêmio é dividido em três categorias distintas: desenho à mão livre, técnicas mistas e processos digitais. Entre os trabalhos premiados nas três categorias o júri escolhe um vencedor geral do concurso. Os outros vencedores por categoria foram: Jerome Xin Hao Ng, aluno da The Bartlett School of Architecture de Londres, com seu projeto ‘Metabolist of a Dementia Nation’ na categoria técnicas mistas e Anna Heringe, do escritório alemão de arquitetura Studio Anna Heringer, representando a categoria desenho à mão livre com seu trabalho intitulado ‘Masterplan Rudrapur, Bangladesh’.
A proposta apresentada por Jerome Xin Hao Ng, ‘Metabolist of a Dementia Nation’, revela uma visão alternativa para o futuro do Golden Mile Complex na cidade de Cingapura, um ícone da arquitetura metabolista dos anos 1970 e atualmente ameaçado de demolição. Na visão utópica de Xin Hao, o edifício é salvo, preservando esta mega infraestrutura urbana dos perigos do presente e do futuro; permitindo que a estrutura perdure não apenas fisicamente, mas também na memória de seus futuros moradores.
Ken Shuttleworth, fundador da William Make e também membro do júri, comentou que: “Jerome Ng é um velho conhecido nosso, ele foi o grande vencedor da primeira edição do The Architecture Drawing Prize. Sua proposta para este ano impressionou a todos nós com sua extraordinária capacidade técnica, como se o desenho tivesse vida própria. Mais uma vez, Jerome Ng é merecedor do primeiro prêmio da categoria técnicas mistas do The Architecture Drawing Prize.”
O trabalho de Anna Heringer por sua vez, é uma representação do plano diretor da cidade de Rudrapur em Bangladesh. Não é um desenho em si, mas um bordado sobre tecido reciclado, representando conceitualmente a sustentabilidade em ambas as frentes; O bambu local é o principal material utilizado na construção das casas de Rudeapur, as quais contam com jardins onde os moradores podem cultivar seus próprios alimentos. Além disso, a população de Rudrapur utiliza tanto técnicas modernas quanto vernacularizes para construir suas estruturas de bambu e barro, provando que a sustentabilidade na construção encontra-se em saber utilizar de forma inteligente os materiais locais disponíveis.
Owen Hopkins, curador chefe do Sir John Soane's Museum e membro do júri do concurso disse que “a proposta apresentada por Anna Heringer nos mostra que a ideia de desenho em si é algo muito flexível. Ela nos mostra que o desenho não precisa ser necessariamente feito em lápis ou caneta assim como o suporte pode ser qualquer coisa e não apenas papel. Desenho pode assumir qualquer forma a partir de diferentes elementos compositivos. Desenhar, por exemplo, pode ser uma atividade colaborativa. O trabalho apresentado por Heringer incorpora todas as possibilidades reais que o desenho tem como instrumento de trabalho colaborativo e na promoção do engajamento entre pessoas de uma comunidade.”
A comissão de avaliação deste ano incluiu os artistas Ben Langlands e Nikki Bell, da Langlands and Bell; Ken Shuttleworth, fundador da Make Architects; Narinder Sagoo, arquiteto associado da Foster + Partners; Paul Finch, diretor da comissão de organização do World Architecture Festival; Owen Hopkins, curador chefe do Sir John Soane's Museum de Londres; Manuelle Gautrand, sócia fundadora da Manuelle Gautrand Architecture; Christian Schittich, escritor, consultor e arquiteto e Gary Simmons, engenheiro-chefe da William Hare.
As propostas vencedoras e os demais finalistas serão apresentados em uma exposição exclusiva a ser realizada no Sir John Soane's Museum de Londres, entre os dias 15 de janeiro e 16 de fevereiro de 2020. Na cerimonia de premiação da WAF, em dezembro deste ano, tais propostas também serão apresentadas em um painel multimídia interativo. Cada um dos vencedores por categoria terá seus minutos de fama para apresentar seu trabalho na cerimônia de abertura do Festival no próximo dia 5 de dezembro. O vencedor geral receberá um troféu durante o jantar de gala a ser realizado no próximo dia 6 de dezembro na cidade de Amsterdã.
Categoria Digital
- Jessica D’Toste, University of Manitoba, Canada – Museum of Oblivion Memory I Section
- Yat Chi Tse, The Bartlett School of Architecture, UK – Perspective of various designs for Hong Kong Palace Museum as if they were models in a site office
- Daniella Yaneva, Rogers, Stirk Harbour + Partners. UK – Fireplace, Down House 2099
Categoria Desenho à Mão Livre
- Man Yan Lam, Condition Lab, School of Architecture CUHK, Hong Kong – Disappearing Hong Kong
- Denis Andernach, Bau Eins Architekten, Germany – Stelzenhaus III (stilt-house)
- Ben Johnson, UK – Scovergni Chapel - Worksheet
- Michael Lewis, Feilden Clegg Bradley Studios, UK – Drawing Architecture
- Louis Sullivan, Kohn Pedersen Fox, UK – Ark City, viewed from flood level, passing through London
- Sarah Delanchy, Urban-Agency Architects, France – Odlums quarter, masterplan for a museum and art hub at Dublin port
- Danni Tian, Descrise Studio, China – Descriptive Synthesis; Spatial Fluidity
Categoria Técnicas Mistas
- Felix Cheong, Felix K. Cheong Works, Canada – The Sea Vault
- Laurie Chetwood, Chetwoods, UK – The Phoenix Towers