Desde 2008, o Rua Arquitetos se dedica a projetos bastante variados que incluem organização de exposições, residências, galerias de arte e projetos urbanísticos. Tal experiência rendeu publicações e premiações nacionais e internacionais, e participação em exposições como as do MoMA (2014), do MAK em Viena (2015), do Carnegie Museum of Arts em Pittsburgh (2016), e a do MAM São Paulo (2017). Além das bienais de arquitetura de Hong Kong-Shenzhen (2013), Chicago (2015), Veneza (2016/18) e Trienal de Lisboa (2016).
Atuando no Rio de Janeiro, foi através de uma proposta para o Ministério da Cultura em 2004, quando se comemorou o Ano do Brasil na França, que os hoje sócios Pedro Évora e Pedro Rivera colaboraram inicialmente. Nesta colaboração já estava impressa uma das marcas do escritório: proatividade na criação de demanda e oportunidades de mercado.
Não havia previsão para exposição sobre arquitetura dentro da programação oficial do evento, mas a dupla, juntamente com outra colega, propôs uma exposição abordando arquitetura brasileira, mais especificamente as favelas. Tal experiência demandou a frequentação intensa do trio nas favelas cariocas, produzindo material para divulgação. E proporcionou também a a percepção de que a parceria poderia gerar novos frutos.
Nos primeiros anos, ainda sem uma cartela de clientes estabelecida, os arquitetos se empenharam em concursos, projetos para ONGs, trabalhos nas favelas e o que pudessem encontrar no intuito de se manterem produtivos e criativamente ativos. E, com bastante honestidade, não escondem a importância de atuarem no Rio de Janeiro, cidade na qual se formaram e onde estabeleceram uma rede de contatos influente que posteriormente iria fazer a diferença no alcance que o trabalho da dupla atingiu.
Foi o caso do projeto para a favela Bela Maré, também no Rio de Janeiro, através do qual foram convidados para expor na Bienal de Arquitetura de Chicago, em 2015. A parceria que resultou no galpão de cultura, depois transformado numa escola de arte, envolveu ONGs que atuavam na favela e grupo de artistas com propósitos de reconversão cultural e programática de edifícios abandonados às margens da Avenida Brasil. Mais do que o projeto para o espaço, os arquitetos atuaram na gestão programática do galpão, afim de gerar verba para as reformas físicas necessárias. O que demonstra uma visão mais ampla e engajada do papel do arquiteto no processo de transformação do espaço urbano.
Também com muita probidade, Pedro Évora comenta sobre as dificuldades em se realizar projetos de urbanismo na iniciativa privada, sobre o cenário carioca de produção arquitetônica e sobre as dificuldades em se trabalhar em um mercado culturalmente e economicamente pouco atraente para os arquitetos atualmente.
Para saber mais sobre o Rua Arquitetos, ouça o cast.
Texto de Aline Cruz.