O concurso para jovens profissionais CANactions foi lançado em 2009 pelo Instituto de Arquitetura Dessau (DIA / Alemanha) e pela Escola CANactions. A competição tornou-se um "caminho profissional para a Europa" para estudantes e jovens profissionais ucranianos. Desde então, mais de 1000 projetos foram recebidos, entre os quais 118 finalistas foram selecionados por membros do júri internacional. O concurso para jovens profissionais acontece em duas etapas, não tem restrições no número de participantes e é destinado a jovens arquitetos ucranianos com menos de 35 anos. A vencedora deste ano foi Mariia Semibratova com uma proposta urbana de cooperação e colaboração criativa na área de Podil, Kiev.
Trabalho na área de Podil em Kiev: uma proposta para co-working e co-living
Localizada em Kiev, capital da Ucrânia, a área de Podil é um distrito cultural bem conhecido, que combina a abertura de prédios públicos, teatros e galerias com a proximidade de blocos habitacionais e antigos locais industriais. A idéia é focar em uma dessas áreas industriais que tem uma vantagem crucial de estar situada à beira do rio, mas sua configuração o faz ser uma barreira para os pedestres. O objetivo do projeto é encontrar maneiras de integrar esse bairro à vida da cidade novamente.
A etapa urbana do projeto ilustra o desenvolvimento de uma estratégia para "ativar" o local, abrindo-o para pedestres, dando acesso ao rio, criando novas oportunidades de trabalho, vida acessível, lazer, comunicação e esportes, resultando em uma área de uso misto na beira do rio Dnipro, com atividades em todas as horas do dia.
Entre todas as funções sugeridas, o ponto focal do projeto foi a integração das instalações de convivência comunitária no novo distrito emergente. De alguma forma, Kyiv está perdendo a tipologia dos apartamentos para aluguel, por isso foi decidido testar um projeto de coabitação em um edifício industrial pré existente, transformando o marco industrial em um espaço de vida, preservando a história e o caráter industrial da área, além de fornecer para a cidade uma nova tipologia.
Para esse fim, os blocos de silo são transformados em escritórios e residências, compartilhando funções públicas e comunitárias no térreo e nos andares superiores. Essas duas funções principais dividem o edifício em duas partes: a primeira, de frente para a rua, inclui escritórios que tornam o projeto economicamente atraente para os investidores. O segundo lado se abre para a área do parque e para o rio, acomodando a parte de co-living. A idéia é trazer jovens de vários campos criativos, como artes, artesanato, mídia etc. sob o mesmo teto, proporcionando-lhes uma vida acessível e oportunidades de trabalho.
Embora essas funções estejam entre privativas e semi-privadas, era essencial para o projeto criar oportunidades para que todos pudessem experimentar o edifício, de forma que essa experimentação não ocorresse apenas no restaurante do térreo, mas também na torre. Dessa forma, a torre abriga uma sala de escalada, um museu, espaços para alugar para comércio e serviços e um bar com acesso ao terraço da cobertura. Pensar na torre como ponto de referência reforça o fato de ela se tornar aberta ao público.
O novo prédio acima da margem do rio deve estender os princípios de cooperação e integração com o público ao longo de toda a extensão da área de trabalho. Nessa parcela propõe-se oficinas e ateliês para a comunidade, permitindo que trabalhem juntos e colaborem, mas antes de mais nada para mostrar os resultados de seu trabalho ao público e finalmente sair das margens da sociedade produtiva. O ponto principal dessa arte do projeto é uma área de exposição que chama a atenção das pessoas enquanto caminha ao longo do rio. A outra função é uma biblioteca pública suspensa acima da água, que deve se tornar um ponto atraente para os pedestres que caminham nas margens do rio, ou na ponte. A ideia é que esse seja um espaço compartilhado para estudo e trabalho.
Os dois volumes estão conectados a uma estrutura de ponte que simboliza uma transição interativa, lembrando também os guindastes portuários e preservando a atmosfera industrial do local, criando simultaneamente plataformas e abrindo diversas vistas para o outro lado do rio, expandindo assim a percepção do espaço.
Para as paredes de suporte de carga da biblioteca e para o trabalho conjunto, foi escolhido um sistema de encaixes em madeira, o que poderia funcionar como um exemplo para Kiev de como construir de maneira rápida, sustentável e acessível.