Em conversa na Escola da Cidade, na disciplina Seminário de Cultura e Realidade Contemporânea, coordenada pelo professor José Guilherme Pereira Leite; o filósofo, sociólogo e dramaturgo José Fernando Peixoto se baseia em dois acontecimentos de 1968 – o assassinato do estudante secundarista Edson Luís no Rio de Janeiro e o assassinato de Martin Luther King – para discutir lógicas sobre o corpo negro e como isso pode ser também percebido em dinâmicas de controle e opressão na cidade.
Coreopolícia é toda ordem coreográfica que determina o ordenamento de uma cidade. Ou seja, como as pessoas se movem em uma cidade, quais são as regras de mobilidade em uma cidade e o que determina as regras dessa circulação (...). Coreopolítica é tudo aquilo que rompe com a lógica da coreopolícia e tem a precariedade e a provisoriedade de uma emergência, de uma irrupção, de uma disrupção. Então, por exemplo, quando manifestações rompem com a lógica de controle da polícia e criam um desordenamento provisório na cidade e a polícia não sabe exatamente como cercar, isso é coreopolítica. — José Fernando Peixoto. O Gatilho e a Tempestade.
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A gente não pode esquecer é que embora um corpo esteja em uma periferia ou seja marginalizado, um corpo é algo que se move. Portanto esses corpos marginalizados são margem em movimento e é um problema quando a margem se move porque se a margem se move o centro se desloca e aí começa todo o nosso problema. Foi isso o que aconteceu em 1968 com Martin Luther King, (...) ou em 1968 com os estudantes secundaristas e a figura do Edson Luís. — José Fernando Peixoto. O Gatilho e a Tempestade.
José Fernando Peixoto possui graduação e doutorado em Filosofia, pela Universidade de São Paulo-USP. Atua como pesquisador nas áreas de história e estética do teatro brasileiro e do teatro negro, estética teatral contemporânea, além de estética e filosofia contemporâneas. É dramaturgo, diretor de teatro e cinema. É professor e diretor na Escola de Arte Dramática-EAD da Escola de Comunicações e Artes da USP.