O centro de São Paulo ganhará uma estátua em homenagem a Joaquim Pinto de Oliveira, arquiteto negro escravizado no século XVIII conhecido como Tebas. O anúncio foi feito pelo ontem, dia 10 de setembro, pelo prefeito Bruno Covas na Câmara Municipal de São Paulo.
Tebas "foi um construtor que chegou a São Paulo escravizado, vindo de Santos, trazido por um mestre pedreiro português que identificou na cidade uma oportunidade de trabalho", afirma o jornalista Abilio Ferreira, organizador do livro Tebas: um negro arquiteto na São Paulo escravocrata. Quando conseguiu liberdade, aos 58 anos, fez da habilidade em talhar blocos de rochas um ofício na construção de edifícios.
Especialista nesta arte, Tebas teve decisiva influência na arquitetura paulistana, até então caracterizada pelo uso da taipa, técnica que impossibilitava arrojos estéticos. Seu trabalho era requisitado, sobretudo, pelas ordens religiosas presentes na cidade desde a fundação, vindo a trabalhar nas fachadas das igrejas da Ordem 3ª do Carmo e das Chagas do Seráfico Pai São Francisco, bem como na ornamentação do Mosteiro de São Bento e da Catedral da Sé.
Apenas em 2018 – mais de 200 anos após sua morte, em 11 de janeiro de 1811 – a profissão de Tebas foi reconhecida. Com base em documentos oficiais reunidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Sindicato dos Arquitetos no Estado de São Paulo (Sasp) reconheceu que Joaquim Pinto de Oliveira fora, de fato, um arquiteto, e homenageou sua contribuição à história da arquitetura paulistana.
Além da estátua celebrando a obra de Tebas, Covas apresentou um projeto de lei que pretende batizar os 12 novos Centros Educacionais Unificados (CEUs) com nomes de personalidades negras ligadas à história do Brasil.
Fontes: G1 e Casa Vogue.