Como forma de manter a circulação de informações confiáveis a respeito da Covid-19, facilitar a higienização dos usuários e prestar homenagem às vítimas da pandemia, a cidade de São Paulo recebeu uma série de equipamentos multiuso chamados “Totens Urbanos – Memorial Pró-Saúde”.
A ideia saiu do papel a partir do encontro do arquiteto Leonardo Fernandes Dias, cuja proposta de design foi vencedora pelo voto popular no prêmio internacional Coronavirus Design Competition, da plataforma GoDesignClass, com organizadores da Rede Nacional de Apoio às Famílias e Vítimas da Covid, iniciativa independente e voluntária da sociedade civil de acolhimento especializado. De caráter emergencial e inicialmente expositivo, a série de totens ocupa 17 pontos de grande circulação na cidade até novembro.
Pensado para se adequar a diversos locais e orçamentos, o projeto proporciona a higienização das mãos no espaço urbano com água e sabão obtidos de um dispenser ativado por sensor, sem necessidade de toque. Já no corpo da peça são acomodados painéis para comunicação gráfica e textual, servindo de memorial às vítimas e como fonte de informação.
A estrutura do equipamento é feita em metalon e o fechamento, em ACM. Depois da execução de diversos protótipos, essa foi uma das adaptações para encaixar os custos de produção no orçamento: no projeto original constavam chapas metálicas mais espessas. A adaptação atende às necessidades de agilidade e instalação do caráter expositivo da iniciativa, mas o layout desenvolvido por Dias prevê também a especificação desses materiais mais duráveis, que resistam a 10 ou 15 anos de permanência no espaço urbano.
Para acomodar as imagens e informações, sua dimensão, no modelo padrão quadrado de 1,15 x 1,15 m com 2,80 m de altura, permite incorporar tipos diversos de painéis: fixo; com backlight; de LED 1x1,50 m; ou uma Smart TV de 72 polegadas, além de um reservatório interno de até 1.000 litros.
Uma das faces do totem é voltada à saúde preventiva, com informações sobre como higienizar as mãos e manter distanciamento social, além de exibir orientações verificadas da OMS e de grupo de saúde parceiros do projeto. Há, também, um painel direcionado à saúde mental, que orienta sobre como se cuidar neste momento de pandemia. Outros dois painéis são memoriais, com retratos de vítimas e o relato de familiares. “Em nosso grupo, psicólogos estabelecem um contato bastante humanizado com os familiares das vítimas a partir de um forte grupo de apoio. Foram os próprios parentes que enviaram as imagens e as mensagens que gostariam de expressar”, diz o arquiteto.
São 20 totens em 17 pontos de São Paulo contemplados pelo equipamento urbano: 4 na Avenida Paulista (ZS). Nos demais, 1 totem apenas: Praça da Sé (Centro); Praça do Patriarca (Centro); Viaduto do Chá (Centro); cruzamento São João com Ipiranga (Centro); Biblioteca Mário de Andrade (Centro); Largo da Batata (ZO); Centro Cultural São Paulo (ZS); Centro Cultural da Juventude (ZN); Largo da Matriz (ZN); Avenida dos Metalúrgicos Cid. Tiradentes (ZL); Praça Brasil Itaquera (ZL); Centro Cultural Grajaú (ZS); Avenida Dona Belmira Marin - Grajaú (ZS); Largo Treze de Maio (ZS); Praça do Campo Limpo (ZS); e terminal Lapa (ZO).
A ideia do grupo é desenvolver uma família de tipologias com diversas possibilidades de adaptação, alocação e funcionalidades. Onde houver fácil acesso a pontos hidráulico e elétrico, podem ser menores: dois painéis de 1,15 x 0,6 m. Há, ainda, a viabilidade de equipar as estações com secadores e placas fotovoltaicas para a utilização de painéis luminosos, ou mesmo de adequação de formatos para espaços estreitos ou de fluxo mais intenso.
O projeto de São Paulo, que estará nas ruas até o fim de novembro, é um piloto para a ideia de expandi-lo para outras cidades, e pretende ser um legado para os centros urbanos independentemente da gestão pública ou do modelo de financiamento.