Em 1971 foi inaugurado o elevado João Goulart, o Minhocão. Alvo de críticas, objeto de estudo e um marco na cidade de São Paulo. Em 2014, seu uso passou a ter um destino fadado quando o Plano Diretor Estratégico apresentou uma lei específica para a sua desativação progressiva para automóveis, que deverá ser feita até 2029. Contudo, o final ainda é incerto: o que será dele quando isso acontecer, se tornará um parque ou será demolido?
O Datafolha entrevistou 1092 habitantes de São Paulo, nos dias 21 e 22 de setembro de 2020, e segundo seu levantamento foi concluído que:
- 54% acreditam que o elevado deveria ser mantido como está, operando como uma via expressa durante o dia e com o trânsito interrompido à noite e aos finais de semana para liberar o acesso para pedestres;
- 30% desejam que o elevado se transforme em um parque;
- 7% defendem que a estrutura seja completamente demolida;
- O restante não soube opinar sobre o assunto.
Outros dados interessantes para analisar através de um panorama mais amplo advém do fato de:
- 52% dos entrevistados nunca terem passado ou não costumam passar pelo elevado;
- 46% frequentarem o minhocão (desses, 38% de carro e apenas 12% a lazer).
Com o levantamento, é possível tirar algumas conclusões:
Aumentou o número de pessoas que aprovam que o elevado se transforme em um parque, uma vez que na pesquisa realizada em 2014, apenas 23% das pessoas defendiam esta proposta. A porcentagem de pessoas que desejam sua demolição se manteve a mesma. E, hoje, um número maior de pessoas possui uma opinião sobre o tema, uma vez que apenas 10% não soube opinar na atual pesquisa - na anterior o número chegava aos 17%.
Como esperado, a resposta dada por pessoas que atravessam o minhocão de carro se difere das pessoas que o utilizam como espaço de lazer. Para os primeiros, 64% desejam que a estrutura se mantenha nos moldes atuais e 26% defendem a transformação num parque. Para os pedestres, 47% acham que ele deve ser mantido como está e 40% deseja a construção de um parque no local.
Toda a discussão ao redor do Minhocão ocorre pois o mesmo Plano Diretor Estratégico que prevê sua desativação completa como via de tráfego, também definiu uma lei específica para estabelecer seu futuro: se será demolido ou transformado em parque. Assim, com a iminência da desativação, a divergência de opiniões passam por um maior embate.
Por um lado pessoas defendem o elevado como espaço de lazer para praticar esportes e usufruir da possibilidade de um novo parque, e por outro se questiona os benefícios da demolição, uma vez que através dela há a possibilidade de recuperar a qualidade de vida urbana nas avenidas e espaços públicos que estão ao redor ou passam sob o elevado.
Segundo a Folha de S. Paulo, o Plano Diretor deverá ser revisto no ano que vem e há uma brecha para mudar o destino do elevado. Em 2018, a Câmara aprovou uma lei que estabelecia a criação do parque por um PIU (Plano de Intervenção Urbanística), tal ato foi parar na justiça e, no começo de setembro, a Câmara paulistana aprovou um decreto legislativo que determina que os moradores da cidade decidam o destino da via por um plebiscito, que poderá acontecer em 2022.
Fonte: Folha de S. Paulo e Datafolha