O escritório Adjaye Associates divulgou recentemente o projeto preliminar para o Museu Edo de Arte da África Ocidental (EMOWAA). Investigando a arqueologia do Reino de Benin, incluindo as ruínas no próprio terreno do museu, o EMOWAA terá suas obras iniciadas em 2021 com apoio do Legacy Restoration Trust (LRT), organização sem fins lucrativos que contribui com projetos patrimoniais e arqueológicos, e do British Museum da Inglaterra. O projeto é apoiado, ainda, pelas comunidades locais, pelo Reino de Benin, pelo Governo do Estado de Edo, e pela Comissão Nacional de Museus e Monumentos (NCMM).
Com a responsabilidade de projetar o novo museu, bem como sua inserção urbana, o escritório internacional Adjaye Associates irá usar "a arqueologia como conectora do novo museu e seu entorno, ao revitalizar e incorporar as ruínas das paredes, fossos e portais da cidade histórica à cidade atual". Reconhecendo a importância do patrimônio arqueológico, a escavação do terreno fará parte da experiência dos visitantes.
Como parte de um projeto maior de requalificação do centro cultural de Benin, o EMOWAA e seu projeto arqueológico potencializarão o crescimento econômico da cidade. Apoiando a comunidade artística contemporânea de Benin, o museu abrigará artefatos e obras de arte da África Ocidental, expostas, atualmente, em coleções internacionais. Destacando a história de Benin, o projeto "criará novas oportunidades de envolver também a dolorosa história da invasão e destruição do Reino". Além disso, essa intervenção mira novos modos de engajar a população local a partir de oficinas, publicações, palestras e conteúdo digital, buscando reconectar as pessoas às suas raízes e destacar a história do Reino de Benin.
Para um olhar rápido e desatento destes estudos preliminares, a impressão é que este é um museu tradicional, porém, na realidade, estamos propondo um desfazer da objetificação que vêm ocorrendo na África Ocidental a partir de reconstruções completas. Ao aplicar as pesquisas científicas às ruínas de Benin, aos seus antigos tecidos urbanos ortogonais e rede de pátios, o projeto do museu reconstruirá o modo de habitar dessa época em pavilhões que permitem a reconceitualização dos artefatos. Desassociando-se da imagem e modelo de museu ocidental, o EMOWAA agirá como uma ferramenta de retoque, um lugar que remete às memórias coletivas perdidas do passado e um entendimento da magnitude e importância dessas culturas e civilizações. – David Adjaye.
Inspirados pelo seu entorno histórico de tipologias arquitetônicas locais, o novo EMOWAA "abre seu pátio como um jardim público, exibindo uma variedade de plantas nativas e opções de sombra". Abrigando valiosíssimos objetos do passado de Benin, organizados em seu contexto pré-colonial, o museu permite que os visitantes mirem a paisagem e imaginem as fronteiras históricas de um antigo reino restaurado.
Com inauguração prevista para 2026, os trabalhos arqueológicos incluirão o levantamento não apenas do terreno do museu, mas também de seu entorno. Godwin Obaseki, governador de Edo, disse que "a construção de um museu de envergadura mundial na parte histórica de Benin exige um trabalho arqueológico aprofundado para garantir que os vestígios históricos ocultos no solo sejam preservados e registrados, e os artefatos possam ser catalogados, integrando futuras coleções do novo museu".