Este episódio do Arquicast traz o Trabalho Final de Graduação (TFG), ou Trabalho Final de Curso (TCC), para o centro do debate. Essa famosa sigla remete a um momento muito importante na educação de todo arquiteto. Para os já formados, é uma das lembranças mais marcantes de toda a faculdade. Para o estudante, pode ser uma etapa com sentimentos conflitantes: a ansiedade pelo desafio que terá pela frente, associada ao entusiasmo de desenvolver um projeto com total autonomia.
Esta etapa da formação costuma seguir um ritual que envolve incertezas, expectativas e acima de tudo muito trabalho. Além disso, um TFG bem desenvolvido pode significar uma primeira oportunidade de se apresentar para o mercado profissional, coroando o portifólio de produção acadêmica tão importante na comunicação das habilidades e personalidade do futuro arquiteto. Não por acaso, esta disciplina de projeto é objeto de concursos de alcance nacional e internacional, ajudando a refletir a qualidade do ensino de arquitetura nos diferentes contextos.
Muitas faculdades dividem o percurso final do aluno no curso em duas etapas: uma teórica, focada na pesquisa bibliográfica sobre o tema, e outra projetual, onde a pesquisa é aplicada no desenvolvimento do projeto em uma situação hipotética, e na sua expressão gráfica nas diferentes etapas de detalhamento. O formato final da entrega e apresentação do trabalho pode variar bastante entre as instituições, mas normalmente conta com uma banca examinadora, composta por professores internos e convidados externos, o que torna a experiência emocionalmente desgastante para o aluno em avaliação.
Apesar do desgaste, é fato que a capacidade de defender ideias frente a um público, equipe e parceiros, é uma das competências mais exigidas do arquiteto no campo profissional. E essa defesa se dá através da organização do conjunto dos documentos gráficos que traduzem o projeto bi e tridimensionalmente, mas também através da clareza e empatia com que os argumentos de projeto são oralmente comunicados pelo arquiteto. O sucesso de um projeto muitas vezes repousa, ainda, na habilidade do profissional em ouvir críticas, assimilar mudanças e reapresentar propostas mais afinadas com a expectativa e necessidade do usuário.
Mas qual é o papel do TFG na formação do arquiteto? Quais os objetivos, pedagógicos e metodológicos, que devem pautar a escolha do tema e a condução do processo? Estas perguntas causam acalorados debates entre professores, alunos e acadêmicos. Não há consenso – o que não é necessariamente ruim – sobre quais objetivos priorizar: uma temática mais pragmática, voltada para a compreensão do contexto profissional em que o aluno irá atuar e uma escala que permita maior definição da materialidade e tectônica da intervenção; ou uma abordagem mais experimental, apoiada em parâmetros inovadores e visão mais holística do problema de projeto, contribuindo para o questionamento do campo profissional estabelecido. Qual o equilíbrio entre dinâmicas de conservação e inovação no processo de ensino e aprendizagem do futuro arquiteto?
Para saber mais sobre expectativas e preocupações pertinentes ao tema e ouvir um pouco sobre a experiência de quem já passou por este inesquecível momento, acesse aqui.
Texto: Aline Cruz