Em comemoração aos 467 anos da cidade de São Paulo, o Museu do Ipiranga lança no dia 25 de janeiro a campanha digital São Paulo – Território em Construção. Por meio da rica iconografia do acervo, e com depoimentos de historiadores, arquitetos e urbanistas, o público será convidado a pensar nas transformações que ocorreram na cidade, desde sua fundação, no período colonial, até chegar à grande metrópole que conhecemos hoje. O conteúdo, em formato de webstories, será disponibilizado em um website que reunirá uma linha do tempo, fotos, pinturas e mapas do acervo, áudios explicativos e vídeos que abordam as transformações do espaço urbano de São Paulo. Também será possível saber mais sobre os principais cartões postais da cidade, como o Pátio do Colégio, a Avenida Paulista e a Avenida Nove de Julho.
Dentre as imagens selecionadas para a campanha, destacam-se as fotografias feitas por Militão Augusto de Azevedo (1837 - 1905) da paisagem da cidade no século 19. Em uma iniciativa pioneira, o fotógrafo criou um álbum comparativo – à maneira do que se fazia na Europa à época – mostrando cenas de São Paulo em 1862 e 1887. A diferença de 25 anos revela uma cidade que crescia e se modernizava, com o calçamento de ruas e o intenso incremento do comércio. Militão captava, nessas imagens, os últimos resquícios da cidade colonial e caipira e os primeiros passos em direção à metrópole.
Outro destaque são as imagens de Werner Haberkorn (1907 - 1997), que retratam o crescimento vertiginoso de São Paulo em meados do século 20, utilizadas para a criação de cartões postais na época. É possível perceber nesse material a expansão da cidade e a maneira como ela elege novos espaços centrais, como a Avenida Paulista. O túnel da Avenida Nove de Julho, que completa exatos 70 anos neste dia 25 de janeiro de 2021, também poderá ser visto durante sua construção em um considerável conjunto de imagens de Haberkorn.
O público entrará em contato com as transformações do centro velho ao centro novo, passando pelo período de protagonismo da região da Avenida Paulista para, em seguida, acompanhar o crescimento das regiões das Avenidas Faria Lima e Berrini, que passam a abrigar os grandes centros empresariais e cujo futuro é incerto, diante da pandemia. Para acompanhar as imagens selecionadas, foram gravados depoimentos com diversos especialistas, como a socióloga Fraya Frehse e a arquiteta Sabrina Fontenele. Será possível, por exemplo, conhecer o impacto que antigas epidemias tiveram sobre a organização da cidade ou a partir de que momento da história de São Paulo as mulheres passaram a frequentar o espaço público.
O conteúdo do site – que contará com recursos de acessibilidade – terá versões criadas especialmente para as redes sociais, mostrando diferentes etapas da história de São Paulo e como o espaço que elegemos como central se modifica e se move dentro da cidade. A programação também prevê três lives com convidados que aprofundarão diversos aspectos relacionados à história da cidade. Os encontros acontecem entre os dias 25 e 27 de janeiro, às 14h, e têm mediação de Alana Carvalho, autora do livro “#MulheresDeSP: mulheres que transformaram São Paulo” e fundadora e curadora do projeto Viva Cultura SP. Para assistir, basta acessar o Instagram do Museu do Ipiranga ou do Viva Cultura SP. Após 24h, o conteúdo será disponibilizado com recursos de acessibilidade no Facebook.
No dia 25/01, com o tema “O que acontecerá com o cenário dos grandes centros empresariais no mundo pós-pandemia?”, o professor e diretor de arquitetura do Instituto Urbem (Instituto de Urbanismo e Estudos para a Metrópole), Milton Braga, fala sobre o impacto da pandemia no espaço paulistano, e quais são as possíveis transformações que veremos daqui para frente. Serão colocados em pauta questionamentos em relação à moradia, trabalho e mobilidade, a intolerância dos meios urbanos com a diversidade e a relação entre pandemia e desigualdade.
No dia seguinte, 26, voltamos para o século 20 a fim de entender os centros mutantes que São Paulo experimentou ao longo de seu desenvolvimento, com a participação do sociólogo, antropólogo e escritor Heitor Frúgoli, autor do livro “Centralidade em São Paulo – Trajetórias, conflitos e negociações na metrópole”. Em sua análise, Frúgoli identifica as regiões do Centro Velho, Avenida Paulista e Avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini como os três polos do tripé de centralidades que se formaram ao longo do século passado, período em que a cidade passou não apenas por um crescimento desmesurado em direção às periferias, mas também por um processo contínuo de criação e abandono de centros.
E por fim, no dia 27, damos mais um salto histórico, desta vez para o século 19, para entender como São Paulo se organizava neste período, e a passagem da pequena cidade colonial para o importante centro urbano do começo do século 20. Se no período colonial e imperial, as igrejas desenhavam o espaço urbano, a partir de meados do século 19, os edifícios públicos ecléticos passam a definir as funções e a imagem do espaço urbano. Com Paulo Garcez, professor do corpo docente do Museu do Ipiranga.
Programação
25 de janeiro - 14h
O que acontecerá com o cenário dos grandes centros empresariais no mundo pós-pandemia?
Convidado: Milton Braga
26 de janeiro - 14h
Como nascem (e definham) os centros urbanos
Convidado: Heitor Frúgoli
27 de janeiro - 14h
O espaço imperial x espaço republicano, a imagem da cidade se torna laica
Convidado: Paulo Garcez
Mediação de Alana Carvalho.