Concluindo a semana dedicada a publicações voltadas à questão das mulheres na arquitetura e, também, a semana que marcou o reconhecimento póstumo de Lina Bo Bardi com o Leão de Ouro Especial da Bienal de Veneza, o Instituto Virgínia e Vilanova Artigas compartilhou conosco uma breve e sensível carta enviada pela arquiteta ítalo-brasileira à Artigas no dia 21 de agosto de 1978.
Trata-se de um sucinto bilhete em que Lina agradece o arquiteto pelo convite a um almoço, realizado no mencionado sábado, que tinha por objetivo angariar fundos para movimentos democrátivos no final do regime militar. Leia na íntegra, a seguir:
Caro Artigas,
Foi bonito sábado: rever os amigos, rever você, ver sua casa que não conhecia. Como a arquitetura brasileira mudou! E pelo pior. Quantos detalhes esquecidos: uma personalidade humana, singela e ao mesmo tempo autônoma e importante.
Foi bom para mim no sábado, voltei às suas casas no Sumaré aos antigos amigos arquitetos, de São Paulo e do Rio, às andanças pela cidade, descobrindo coisas, falando da arquitetura brasileira – que me comovia profundamente; a mim que chegava da guerra e da resistência – foi (sic) recebida com muito carinho aqui no Brasil por todos vocês. É aqui o meu país.
Precisamos recomeçar; sábado senti muita esperança.
Tive que sair cedo de sua casa porque mamãe (velhinha) que agora vive comigo, estava sem a enfermeira.
Pedi ao (Joaquim) Guedes para me levar em casa. Deixei um recado com o Julinho.
Um grande abraço amigo da Lina
Com informações de Instituto Virgínia e Vilanova Artigas.