A Mars House, concebida pela artista e fundadora do Techism Movement, Krista Kim, tornou-se a primeira casa digital a ser comercializada no mundo. Elaborada como um arquivo digital único e exclusivo, como uma espécie de token criptográfico (NFT), a Mars House é na verdade um arquivo 3D que pode ser explorado através de realidade virtual ou realidade aumentada. A Mars House é uma estrutura feita de luz, uma casa digital com uma atmosfera única e que vem acompanhada por uma trilha sonora criada por Jeff Schroeder da banda Smashing Pumpkins.
Os NFTs, ou Tokens Não Fungíveis, são uma espécie de dado criptográfico único e não intercambiável. De fato, é essa característica que os distingue das já famosas criptomoedas. Os tokens não fungíveis, por sua vez, são criados através de uma espécie de certificado virtual vinculado a uma unidade de dados em uma blockchain, os quais representam arquivos digitais de uma obra de arte, seja ela sonora, visual ou espacial. A artista contemporânea Krista Kim decidiu aventurar-se no mundo cripto-criativo, dando forma a primeira casa digital NFT do mundo. “Como fundadora e responsável pelo Techism movement, procuro desafiar os limites da arte e explorar os novos territórios que estão surgindo com as novas tecnologias. A Mars House será para sempre uma casa digital NFT, portanto, ela pode ser vista como a precursora de um novo movimento ou um novo capítulo na história da arte. Este é um projeto que nos faz lembrar que a história precisa constantemente ser reescrita e ressignificada. […] Que estamos prontos para transformar o mundo através da tecnologia”, comenta Kim em seu perfil do Instagram.
O arquivo digital NFT da Mars House—que foi colocado à venda no Superrare—foi adquirido por ma quantia de 288 Ethers, uma espécie de criptomoeda semelhante ao Bitcoin (e equivalente a 512 mil dólares). “Conceitualmente, a MARS HOUSE é um arquivo NFT 2.0, ou seja, ela representa a ideologia de um futuro estilo de vida baseado em Realidade Aumentada. Esse é o caminho que ela sugere, que um dia, em um futuro próximo, estaremos sentados em uma casa como a Mars House tomando champanhe com os hologramas de nossos amigos. Nossas reuniões no zoom serão realizadas em espaços como a Mars House. Eventualmente, seremos capazes de projetar nossas casas digitais sobre o espaço físico onde estamos, transformando-o de acordo com as nossas necessidades. Eu criei a Mars House porque era assim que eu imaginava a casa dos meus sonhos. Espero que o novo proprietário goste tanto dela quanto eu. Este é o futuro da ARTE ”, comenta a artista em seu perfil do Instagram.
Em termos mais técnicos, a Mars House pode ser considera uma escultura de luz, uma casa que parece flutuar sobre um plano luminoso que se estende até a piscina. Todos os móveis da casa foram concebidos como se fossem projetados em vidro temperado e tecido, materiais de fontes renováveis e recicláveis. Gradientes coloridos concebidos pela artista cobrem o piso e o forro da casa. “Este espaço reflete a minha paixão pelo Design Meditativo, aquilo que está sendo conhecido como o novo luxo na era digital”, afirma Kim. Inspirada pela arquitetura dos espaços zen da cidade de Kyoto, a artista procurou explorar alguns destes elementos traduzindo-os para o espaço digital. “Neste sentido, a minha arte é uma forma de Zen Digital. O ambiente digital da Mars House é implacavelmente perturbador e viciante ao mesmo tempo. Como uma tentativa de criar uma nova consciência digital, a minha arte se distancia dos elementos básicos de luzes, cores e sons. Minha intenção é criar um ambiente meditativo que pode ser acessado pela tela do nosso computador ou celular, como uma espécie de jardim zen digital”, completa.
É importante mencionar o fato de que a Mars House foi projetada durante o primeiro lockdown no ano de 2020. Neste sentido, a Mar House procura explorar o fato de que as nossas telas podem também criar espaços meditativos e que promovam o nosso bem-estar. Na verdade, Kim acredita que, no futuro, a tecnologia e a arte juntas serão capazes de transformar nossas casas em espaços melhores e mais agradáveis. O arquivo digital da Mars House foi renderizado com o Unreal Engine, um software utilizado para criar ambientes virtuais para videogames. Neste ambiente, a casa pode ser experimentada tanto em Realidade Virtual como com o auxílio da Realidade Aumentada (RA). Como o interesse pelo design virtual continua a crescer, muitos artistas estão começando a explorar o mercado da arte criptográfica. Na verdade, recentemente o artista Andrés Reisinger vendeu dez itens de mobiliário digital por uma quantia perto dos 450 mil dólares, enquanto Alexis Christodoulou comercializou seus renderes de arquitetura por aproximadamente 340 mil dólares. Talvez o caso mais surpreendente foi a venda, em um leilão da Christies, de um arquivo jpeg criado pelo artista Beeple pela mísera quantia de 69 milhões de dólares.
Traduzido por Vinicius Libardoni.