O Architects Registration Board, que é o órgão responsável pelo licenciamento e registro dos arquitetos do Reino Unido anunciou recentemente que os arquitetos não têm mais validação automática de suas qualificações nos países da União Europeia após o Brexit.
Em Fevereiro de 2020 o Primeiro Ministro do Reino Unido, Boris Johnson, anunciou que gostaria de "um reconhecimento mútuo das qualificações profissionais do Reino Unido e da UE, como parte das negociações do acordo comercial do Brexit”. O acordo anunciado no início do ano de 2021, entretanto, indica que os profissionais britânicos não serão reconhecidos a partir de 1 de Janeiro de 2021. A República da Irlanda, que é parte da UE, concordou em permanecer fiel ao antigo acordo e reconhecer os profissionais britânicos até que novos acordos entre Reino Unido e União Europeia sejam estabelecidos.
Apesar do acordo, o governo do UK anunciou que irá continuar reconhecendo as qualificações de arquitetos da UE que já trabalham no país. Escritórios de arquitetura que atualmente empregam profissionais do EEA e da Suíça, e que já são reconhecidos pelo Architects Registration Board não precisam tomar nenhuma providência.
Atualmente a União Europeia exige que os escritórios e órgãos profissionais de arquitetura em toda a União reconheçam automaticamente as qualificações de arquitetura de outros Estados-Membros, com base nas seguintes qualificações:
- Seja formado por uma universidade ou outra instituição equivalente;
- A formação tenha pelo menos 4 anos em tempo integral ou 6 anos de estudo, dos quais pelo menos 3 anos em tempo integral;
- A formação tenha arquitetura como seu principal componente;
- A formação tenha conteúdo teórico e prático;
- A formação atenda uma série de conteúdos e habilidades básicas listadas pela União Europeia no Artigo 46 do Directive 2005/36/EC no tópico recognition of professional qualifications.
Com a saída da União Europeia, porém, o Architects Registration Board do Reino Unido não responde mais às instâncias da UE, e portanto não precisa responder a essas qualificações, enquanto os membros da UE também não são mais obrigados a reconhecer diplomas britânicos.
Muitos arquitetos manifestaram sua preocupação sobre a repercussão do Brexit. Em 2016 Martha Thorne, Diretora Executiva do Pritzker Prize e reitora da Escola de Arquitetura e Design IE, em Madrid, discorreu sobre os riscos que envolviam a saída do UK da UE: "muitas das inovações mais inspiradoras dos projetos de arquiteutra acontecem por conta da colaboração entre disciplinas e países. Qualquer obstáculo entre essas mentes atinge também a alma da arquitetura". Em uma entrevista ao The Guardian, Rem Koolhaas, arquiteto fundador do escritório com sede nos Países Baixos OMA, compartilhou sua experiência ao viver em Londres e estar presente na época em que o país se tornou parte da União Europeia. O arquiteto expressou sua preocupação em relação às decisões políticas, afirmando que por quase 25 anos houve humildade em destacar o impacto positivo que a UE teve no país.
Somando aos obstáculos das práticas e da formação, os arquitetos do Reino Unido também irão enfrentar dificuldades em relação à sua residência ao terem que submeter a vistos de 'curta duração' que apenas lhes permitem permanecer nos países da UE por um período máximo de 90 dias. Se quiserem ficar mais tempo, terão que solicitar o visto de longa duração.