Rompendo com os ornamentos e junto de uma tecnologia estrutural que surgia na época, a arquitetura moderna, em seus primórdios, estabeleceu o uso da linha reta nas construções. No entanto, através da experimentação plástica que o concreto e outros materiais poderiam oferecer, começaram a surgir novos ritmos dados pelas linhas mais orgânicas ou curvas.
Seja para gerar uma experiência visual ou por funções mais técnicas como uma adequação ao terreno, projetos com elementos curvos certamente trazem uma outra sensação do espaço tanto em sua percepção externa como a partir dos interiores. Aqui, elencamos sete casas brasileiras contemporâneas que se destacam pelo uso desse artifício.
Na Casa Boipeba, realizada por daarchitectes, a plasticidade do concreto permitiu uma implantação de composição mais orgânica que dialoga de forma mais sutil com a natureza do entorno.
Com um programa organizado em três blocos térreos a Residência Sapucaí-Mirim, de APBA – Arquiteto Paulo Bastos e Associados, adota um desenho curvo que mantém os espaços mais articulados através de circulações ora abertas, ora fechadas, num partido que espraia as construções pelo terreno procurando aproveitar, da melhor maneira possível, a exuberante paisagem.
No caso da Residência em Gonçalves, de André Vainer Arquitetos, procurou-se implantar a casa no terreno com o mínimo necessário de altura de seu perfil original, evitando movimentação de terra. Por isso a forma ligeiramente arredondada que acompanha as curvas de nível.
Já o Obra Arquitetos tem como destaque dois projetos residenciais que adotam linhas curvas para trazer benefícios aos seus moradores. Na Casa LEnS há um pátio interno que permite contato visual entre os ambientes da casa, aproximando o convívio dos moradores. Foi desenhado um vidro curvo para que este espaço não tivesse segmentação em suas arestas e pudesse ser observado através de uma lente, tornando possível acompanhar a mudança de estações do ano a partir da natureza ali presente.
O segundo exemplo está na Casa LLF, na qual uma laje sinuosa abriga os programas de serviço, garagem e uso coletivo, todos francamente abertos ao exterior. O desenho deste elemento e de algumas paredes estruturais caracterizam os espaços de cozinha, estar, lazer sem criar barreiras muito rígidas para que os usuários possam usufruir com liberdade, amplitude e grande interação entre todos os ambientes.
Na Casa Cauman, assinada pelo Estúdio BRA, era necessário destacar o jardim do térreo que poderia servir como um espaço de apresentação musical. Para isso, o ambiente foi composto por uma laje com linhas periféricas retas e que tem ao centro um furo com desenho orgânico, essa laje está ali para fazer a transição entre o jardim, que como sua vegetação tem desenho fluido e orgânico e o pavimento superior que se propõe a ser uma peça claramente construída pela mão humana - um cubo branco e com janelas retangulares.
Por fim, Mareines Arquitetura + Patalano Arquitetura, adotaram como partido arquitetônico a semente dos pinheiros para realizar a Casa Pinhão, que se destaca por sua forma sinuosa que deixa passar o vento e convida o morador a experiências diversas em seu dia a dia. Em vez de escadas, rampas. Em vez de corredores, formas esculturais que abraçam as pessoas durante o percurso, modificando a cada passo a experiência sensorial.
Nota do editor: as descrições dos projetos são baseadas nos memoriais descritivos enviados pelos próprios(as) autores(as) das obras.