Como podemos nos transportar a ambientes naturais quando estamos em situações totalmente urbanas? A materialidade dos espaços é um dos fatores que determinam a atmosfera que habitamos. Nestes casos, a utilização de materiais naturais na arquitetura de interiores pode contribuir para evocar a natureza no nosso cotidiano. Neste artigo, iremos analisar especificamente o efeito que a cortiça tem como recurso especial na concepção de espaços interiores. A cortiça é a casca de uma espécie de árvore chamada sobreiro. Ao ser extraída da árvore, é transformada em um produto bruto útil ou para ser elaborado e aplicado em diversos usos.
Escola Nía / Sulkin Askenazi
A Escola NIA, localizada na Cidade do México, é uma escola inovadora que garante um ambiente de aprendizagem interativo através de espaços interiores flexíveis e abertos, sistemas de iluminação acolhedores, mobiliário criativo, bem como a utilização de materiais extraídos da natureza como a cortiça e a madeira de carvalho. A cortiça desempenha um papel fundamental, sendo um material macio ao toque, é ideal para criar um ambiente propício e seguro para as crianças. Sua textura ideal permite que as crianças brinquem em silêncio, escalando, pulando e explorando. Além disso, a cortiça cria um ambiente acolhedor e atraente graças aos seus tons laranja e amarelados que refletem alegria e energia positiva.
ConsenSys Offices / Neiheiser Argyros
Localizado em Londres, este projeto consiste em um edifício de escritórios de cinco andares que oferece uma variedade de espaços que se adaptam às diferentes modalidades de trabalho dos usuários. O projeto nasceu com a ideia de que todos trabalhamos de formas diferentes; há espaços que podem ser muito confortáveis e produtivos para alguns, mas para outros é o contrário. Por exemplo, uma pessoa pode precisar de um espaço silencioso e tranquilo, como uma biblioteca, assim como outra pode preferir uma praça com estímulos contextuais. Consolidando-se como um centro de trabalho de diferentes personalidades, o edifício ConsenSys utiliza a cortiça para delimitar o espaço de uma biblioteca com mobiliário em madeira escura, proporcionando um ambiente de contemplação e concentração.
Morris Law / Bornstein Lyckefors arkitekter
Morris Law, um escritório de advocacia comercial, é mais um caso de aplicação da cortiça na arquitetura de interiores. Para um projeto que assenta nos conceitos de eficiência, transparência, excelência e mindfulness, os materiais de cores quentes como a cortiça são ideais para gerar espaços de trabalho calorosos, acolhedores e atenciosos.
Art Barn / Thomas Randall - Page
Observando este espaço intimista, inserido no atraente galpão desenhado por Thomas Randall-Page em Inglaterra, percebemos o elevado valor estético que o uso da cortiça pode proporcionar. A sua simplicidade consolida-o como um material elegante que encontra harmonia na combinação com a pedra, a madeira e os tons de branco e terra.
Um quarteto espacial sobre Moradias Futuras / ARCHSTUDIO + DESIGN APARTMENT + SODA Architects + B.L.U.E. Architecture Studio
O New Everbright Center reuniu cinco equipes de design para preparar o hotel ArtPark9 de quatro quartos em Pequim. As propostas deveriam explorar possíveis estilos de vida futuros em edifícios altos, criando atmosferas harmônicas em contextos urbanos densos.
Uma das salas foi projetada por ARCHSTUDIO com o nome de "morada de encosta", na qual os arquitetos contaram com a evolução do habitar dos seres humanos. O projeto tenta retornar à origem criando uma atmosfera que estimule a interação entre as pessoas e o espaço sideral. Uma estrutura em forma de encosta foi então criada que permite diferentes tipos de relações tridimensionais. A “encosta”, revestida com placas de cortiça, consegue evocar a natureza graças à sua textura macia, à sua forma orgânica e ao seu tom terroso. A riqueza do projeto reside na capacidade de recriar um ambiente natural de forma criativa e estética, num espaço interior condicionado pela vida urbana moderna.