Utopias da vida comum é o título da participação brasileira na 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza. Com curadoria do escritório mineiro Arquitetos Associados, em conjunto com o designer visual Henrique Penha, a mostra que ocupa o pavilhão do Brasil no Giardini busca mapear a presença das utopias em solo brasileiro, da cosmovisão Guarani da Terra sem Males até a contemporaneidade, destacando alguns momentos singulares na história.
A exposição, concebida antes da pandemia de Covid-19, ganha novos significados com o atual contexto de distanciamento físico entre as pessoas, especialmente se pensada a partir do tema central da Bienal, proposto pelo curador geral Hashim Sarkis: How will we live together? [Como viveremos juntos?]
A ideia de utopia perpassa vários momentos da história do pensamento e da produção do espaço brasileiro, muito antes da própria criação da palavra por Thomas More em seu conhecido livro. Transportar e ressignificar este conceito como um dispositivo para abordar o contemporâneo é o que procuramos fazer ao construir a narrativa curatorial. – Carlos Alberto Maciel.
Dois núcleos compõem a mostra. O primeiro, chamado de Futuros do passado, é dedicado a dois projetos icônicos da arquitetura moderna, realizados entre o fim do Estado Novo e o governo de Juscelino Kubitschek, e às utopias que os orientaram. Neste núcleo, o Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (1947), conhecido como Pedregulho, na zona norte do Rio de Janeiro, é visitado pelas lentes da artista visual Luiza Baldan, que reinterpreta a obra de Affonso Eduardo Reidy, ao passo que a Plataforma Rodoviária de Brasília (1957), de Lúcio Costa, é tema de um ensaio do fotógrafo Gustavo Minas.
O segundo núcleo, Futuros do presente, apresenta dois vídeos comissionados especialmente para a mostra, que refletem utopicamente sobre a ocupação das metrópoles contemporâneas. Um deles, dos diretores Aiano Bemfica, Cris Araújo e Edinho Vieira, apresenta as possibilidades de reapropriação de edifícios nos centros de grandes metrópoles, enquanto que o segundo, do diretor Amir Admoni, reinterpreta poeticamente a ideia de apropriação dos rios e de suas margens a partir do projeto Metrópole Fluvial, desenvolvido pelo grupo de pesquisa de mesmo nome da Universidade de São Paulo.
Repensar formas de convivência entre os humanos e o planeta em termos ecologicamente viáveis e socialmente inclusivos parece ser uma urgência que se amplifica a partir da experiência coletiva imposta pela pandemia, o que reforça a relevância dos temas que a exposição procura discutir. – Arquitetos Associados
A 17ª Bienal de Arquitetura de Veneza tem início no dia 22 de maio e permanece aberta ao público até 21 de novembro. A edição desde ano concebeu o Leão de Ouro a Lina Bo Bardi e a Rafael Moneo pelo conjunto de suas respectivas obras.
Confira a abrangente cobertura da Bienal de Arquitetura de Veneza 2021 realizada pelo ArchDaily. Não deixe de assistir à nossa playlist oficial no Youtube, onde apresentamos entrevistas exclusivas com arquitetas, arquitetos e curadores da Bienal.
Fonte: Fundação Bienal