Um dos maiores nomes da arquitetura brasileira e mundial, Paulo Mendes da Rocha, faleceu ao 92 anos. O arquiteto estava com câncer de pulmão e encontrava-se internado em São Paulo. Ele nos deixou na madrugada deste domingo (23 de maio), conforme informou seu filho Pedro Mendes da Rocha.
Paulo Mendes da Rocha será lembrando pelo grande papel formador que possuía. Sua criação arquitetônica debatia sobretudo a vida, levantando indagações que questionam as ideias prontas e o conformismo. Consolidou uma influência além da linguagem ou estética, formada principalmente pelo modo de agir e de pensar, no qual cada projeto era uma oportunidade de transformação. Suas ideias e desenhos transbordavam os limites do programa, lote e materialidade, trazendo sempre um novo olhar para uma simplicidade revolucionária.
Nascido em Vitória, Espírito Santo, em 1928, muda-se jovem para São Paulo, onde titula-se pela FAU-Mackenzie, em 1954. Em poucos anos de atuação consegue consolidar um conjunto de obras, sobretudo residenciais, de grande qualidade, onde prevalece a materialidade do concreto aparente. Sua carreira sempre esteve vinculada ao ensino da arquitetura. Foi professor de projeto da FAU-USP de 1961 a 1999.
Referência da arquitetura moderna e contemporânea, durante seus estudos na Universidade Mackenzie de São Paulo, Paulo Mendes formou, juntamente com outros colegas, um grupo interessados na arquitetura moderna, o que acabou influenciando, anos mais tarde, seu primeiro grande projeto: o Ginásio do Clube Atlético Paulistano.
Entre 1961 e 1969, foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, sendo cassado pelo governo militar por sua postura sobre o papel social que devem ter os arquitetos. Curiosamente, nesse mesmo ano, Paulo Mendes da Rocha ganha o concurso para o Pavilhão do Brasil na Expo’70 em Osaka, em equipe com Jorge Caron, Júlio Katinsky e Ruy Ohtake. Em 1980 retorna como professor de Projeto Arquitetônico na mesma Faculdade, onde permanece até 1999, ano em que se aposenta.
Em 2001, recebe o II Prêmio Mies van der Rohe de arquitetura latino-americana pelo seu projeto da Pinacoteca de São Paulo, em que intervém em um importante edifício neoclássico. Em 2006, recebe o Prêmio Pritzker pelo conjunto de sua obra. Dez anos mais tarde, em 2016, é reconhecido com mais dois prêmios do mais alto nível da arquitetura mundial: o Leão de Ouro da Bienal de Veneza e o Prêmio Imperial do Japão. Em 2017 é laureado com a RIBA Gold Medal. Ainda em 2021 foi premiado com a Medalha de Ouro da União Internacional de Arquitetos.
Hoje, o acervo do arquiteto - cerca de 8.800 itens, relativos a mais de 320 projetos - está na Casa da Arquitectura, instituição portuguesa com sede em Matosinhos que se dedica a preservar e difundir documentações de arquitetura.
O ArchDaily Brasil deseja força para toda a família e colegas do arquiteto neste momento de imensa perda.