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Arquitetos: RO_AR Szymon Rozwalka architects
- Área: 613 m²
- Ano: 2019
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Fotografias:BoysPlayNice
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Fabricantes: ABB, Aluprof, Jafholz, OMNIPLAST, OMS Lighting, Princ parket, TON, UNIPRO
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto desenhado para o Jardim de Ioga e Galeria de Arte Brno é o resultado de uma busca por um espaço natural e ao mesmo tempo abstrato. Desejamos criar um espaço livre do engano da nostalgia (falsidade industrial) ou da falsa espiritualidade (clichê exótico). Dentro de nosso contexto europeu de prática da ioga, assim como na arquitetura, muitas vezes sucumbe ao falso preconceito, o que tentamos evitar. O edifício original era uma estrutura pós-industrial dentro de uma quadra histórica, um fragmento recortado de um todo anterior. Um fragmento no qual certos vestígios do passado eram visíveis, outros escondidos e outros ainda completamente esquecidos. Todos estes traços eram interessantes e poderiam ter se tornado o ponto de partida inicial do projeto. Entretanto, decidimos por uma forma diferente de intervenção radical - sem medo, mas com respeito ao antigo. O resultado não foi predeterminado intencionalmente, mas se deu a partir do conjunto de decisões individuais.
A casa situação em que o edifício existente nos obstruiu, nós o transformamos. Demolimos fragmentos para criar novos jardins, demolimos pilares para ampliar o espaço, arrancamos suas entranhas para dar a nós mesmos a liberdade de criar algo novo. Onde quer que ele estivesse de acordo com nossas visões, nós o incorporamos ao projeto. Apenas renovamos as antigas clarabóias, limpamos cuidadosamente as vigas e a madeira, mas mantivemos todos os vestígios de desgaste. Alguns dos revestimentos internos foram apenas parcialmente limpos e, ainda assim, mostram sinais dos danos originais. O processo foi um diálogo aberto no qual o novo ousa ser novo, enquanto o antigo ousa ser antigo.
Nosso objetivo era criar um espaço amplo e cheio de luz, ao mesmo tempo cheio de conexões sutis entre os fragmentos individuais do interior. A área de entrada pode ser vista da galeria, seguida pelo verde do jardim, e no plano seguinte, pessoas praticando ioga. De maneira semelhante, tentamos articular o interior com o mundo ao seu redor. Sentir a cidade da qual estamos separados. Vemos fragmentos de edifícios, árvores, o céu, enquanto o espaço ao mesmo tempo nos proporciona a opção de facilmente esquecê-los e nos concentrarmos em nós mesmos.
Em vários lugares, as construções originais de tijolos nos pilares e paredes, as vigas de madeira e os caixilhos foram reforçados com novas construções de concreto armado e aço, trazendo uma estética contemporânea ao edifício e também infundindo o espaço resultante com uma leveza quase abstrata. Dois novos átrios foram incorporados ao projeto do edifício, com os jardins projetados pela arquiteta paisagista Mirka Svorová. O primeiro átrio surpreende os visitantes com seu contraste entre o espaço confinado do corredor de entrada e os jardins abertos e cheios de luz. O átrio posterior é um microcosmo autônomo. Ele se torna um fundo, cenário para a sala principal - uma imagem que muda de acordo com a estação do ano.
Um dos valores fundamentais do Jardim de Ioga é: "crescimento sustentável e minimização dos impactos de nossa sociedade sobre o meio ambiente". Tentamos aplicar a abordagem do investidor também dentro do projeto. Os jardins retém água da chuva e, graças ao seu desenho low-tech, não necessitam de irrigação - a camada de acúmulo retém água, o que é suficiente para manter a vegetação. Como arquitetos, temos que enfrentar os desafios de hoje, tanto climáticos quanto culturais-sociológicos. Estamos convencidos de que a arquitetura funciona de maneira mais forte a um nível subconsciente.
O sutil, quase abstrato enfraquecimento daquilo que é dado é nossa maneira de aprender a viver em um estado de incerteza subconsciente - uma habilidade essencial para abraçar o mundo "líquido" contemporâneo. O exemplo arquitetônico de uma tentativa de introduzir uma incerteza tão delicada pode ser encontrado na sala principal, onde, após a demolição do pilar de concreto, uma viga de madeira "levita" em seu incrível comprimento para desafiar a gravidade, que é ainda mais acentuada por seu cruzamento com a faixa de luz LED. Um espaço abstrato com elementos sutis de incerteza.