Conhecido no mundo todo por ter levado ao limite as exprimentações formais com concreto armado, Oscar Niemeyer contou em muitas de suas obras com a imprescindível colaboração de um engenheiro civil tão inventivo e ousado quando o próprio arquiteto: o recifense Joaquim Moreira Cardozo, formado em engenharia civil em 1930 pela Escola de Engenharia de Pernambuco, hoje integrada à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Responsável pelo projeto da Escola Rural Alberto Torres, de 1936 – uma obra que, à época, já mostrava sinergia com a arquitetura moderna – Cardozo conheceu Niemeyer quando trabalhava no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), no Rio de Janeiro. À época, desenvolveu o projeto estrutural do Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte, inaugurado em 1943, colaboração inicial de uma parceria que duraria 30 anos e que teve nas obras de Brasília seu momento mais prolífico.
Além de engenheiro, Cardozo era um exímio poeta. De 1910 a 1913, como estudante do Ginásio Pernambucano, ajudou a fundar o jornal O Arrabalde, no qual publicou seu primeiro conto, Astronomia alegre. Foi cartunista no Diário de Pernambuco e, nos anos 1920, dirigiu a Revista do Norte, na qual publicou seus primeiros poemas.
O vídeo acima, produzido pela FAPESP, narra a história de Jopaquim Moreira Cardozo, o engenheiro-poeta responsável por concretizar a visão de um dos arquitetos mais prestigiados do século XX. Anos de rica colaboração levaram o poeta a homenagear o arquiteto com uma poesia:
Arquitetura Nascente & Permanente
Atraídos pelo silêncio
E pela paz noturna os homens
Chegaram; por ínvias florestas
Abriram sendas, e passaram,
Das lianas através da renda,
Através das fendas das montanhas.
Mudos de medos e arrepios,
Guiados por bandeiras de vento,
Pelo coro dos rios selvagens...
Vieram de paragens flutuantes,
Andaram passos vacilantes,
Venceram espaços incertos
E inacessíveis, mas chegaram...
Chegaram e reacenderam
A pedra fria. Abriram portas
Cavaram profundas abóbadas,
Romperam pátios, galerias...
Fonte: FAPESP