Gottfried Böhm, o primeiro arquiteto alemão a receber o prestigioso Prêmio Pritzker, faleceu aos 101 anos, segundo informações da Deutsche Welle e WDR.
Nascido em uma família de arquitetos, Böhm começou a trabalhar na empresa de seu pai, Dominikus, após estudar engenharia e escultura na Technische Hochschule e na Academia de Belas Artes de Munique, respectivamente. Depois de trabalhar na Alemanha e nos Estados Unidos e após o falecimento de seu pai, Böhm assumiu, em 1955, a liderança do escritório, que tinha sede em Colônia.
Por alguns anos, as encomendas de Böhm seguiram o legado de seu pai. Nesse período inicial, que se estendeu até a década de 1960, Böhm trabalhava exclusivamente com igrejas – seguindo os passos de seu genitor, renomado arquiteto de igrejas e catedrais católicas. No entanto, segundo Isabella Baranyk "Gottfried se afastou do estilo expressionista de Dominikus, passando a explorar superfícies geométricas limpas, muitas vezes materializadas em tijolo vermelho com pequenos elementos de vidro. Para o arquiteto, cones, pirâmides e cilindros empilhados criam uma representação clara e direta do sagrado."
Sua preocupação com o espaço urbano e a inspiração nas formas tradicionais são visíveis ao longo de toda a sua carreira. Como disse uma vez o arquiteto, "o futuro da arquitetura não está tanto em continuar a preencher a paisagem, mas em trazer de volta a vida e a ordem às nossas cidades". Em 1986, Böhm se tornou o primeiro arquiteto alemão a receber o Prêmio Pritzker. Na ocasião, o júri comentou que "sua obra bastante evocativa combina muito do que herdamos de nossos ancestrais com aquilo que adquirimos recentemente."
Embora a maioria de seus projetos mais notáveis tenha sido construída na Alemanha – como a Igreja de Peregrinação de Neviges (1968), a Prefeitura de Bensberger (1969) e o Museu da Diocese (1975) – Böhm e sua família ergueram duas igrejas no Brasil: a Catedral São Paulo Apóstolo e a Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, localizadas nas cidades catarinenses de Blumenau e Brusque, respectivamente.
Em 2016, a rotina de Böhm foi registrada em Concrete Love: The Böhm Family, filme premiado dirigido por Maurizius Staerkle-Drux que documenta as relações do falecido arquiteto com sua família e colegas e as inspirações por trás de seus trabalhos. Vencedor do Prêmio Goethe de Documentários de 2016, o júri comentou na ocasião que "o filme cria uma impressão duradoura dos edifícios e das pessoas."
Via Deutsche Welle, WDR, Pritzker Prize.