Desde 1895, a Bienal de Arquitetura de Veneza acontece em diferentes espaços da cidade italiana, reunindo o que há de mais representativo em termos de produção arquitetônica de diversos países. O que se compreende como Bienal de Arquitetura de Veneza, na verdade, é a mostra internacional de Arquitetura que faz parte de um conjunto de exposições multidisciplinares. A Bienal de Veneza, enquanto instituição e enquanto evento, envolve a organização e promoção simultânea de mostras e festivais internacionais que incluem, por exemplo, os de Arte, de Cinema, de Dança Contemporânea, de Teatro.
Para conversar sobre a importância desse evento e sobre a participação do Brasil nesta que é 17ª Exposição Internacional de Arquitetura da Bienal, o Arquicast convidou os curadores do pavilhão brasileiro, os arquitetos Carlos Alberto Maciel e Paula Zasnicoff Cardoso, que são sócios do Arquitetos Associados, um estúdio colaborativo que conta ainda com Alexandre Brasil, André Luiz Prado e Bruno Santa Cecília. Junto com este coletivo de arquitetos, também participa da curadoria do pavilhão do Brasil o designer visual Henrique Penha.
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A Arquitetura ganhou departamento próprio dentro da Bienal, pela primeira vez, em 1980, sob a responsabilidade de Paolo Portoguesi. E desde então a instituição vem dando cada vez mais atenção à disciplina, com exposições e eventos representativos de diversas nacionalidades e com uma curadoria sempre precisa e antenada. Este ano, o curador da Mostra de Arquitetura foi o arquiteto Hashim Sarkis, através da provocação trazida pelo tema “Como viveremos juntos?”. O arquiteto propõe que os trabalhos expostos pelos 110 representantes, dos mais de 60 países participantes, tragam a reflexão sobre um novo “contrato espacial”, que busque superar o contexto de desigualdade econômica e lutas políticas.
Este foi o desafio assumido pelos nossos convidados: traduzir a provocação original do curador para o pavilhão brasileiro, estruturando conteúdos e formatos que colaborem para lançar luz sobre a produção arquitetônica do país e, mais ainda, sobre a sua realidade urbana concreta. Escolhidos curadores pela Fundação Bienal de São Paulo, entidade responsável por todo o processo de elaboração da participação do Brasil na mostra veneziana, os arquitetos propõe a ocupação do pavilhão em dois momentos, ambos orientados pela temática “Utopias da vida comum”, objetivando, nas palavras de Carlos Alberto Maciel, “transportar e ressignificar este conceito como um dispositivo para abordar o contemporâneo”.
Em duas salas distintas, os curadores exploram a noção de Utopia através de relatos fotográficos, organizados no espaço nomeado como Futuros do Passado (sala menor), e a partir da exibição de vídeos, expostos no núcleo nomeado Futuros do Presente (sala maior). Nada é convencional na abordagem proposta, fazendo com que a Arquitetura seja vista sob diferentes lentes, buscando a sensibilidade de quem dela se apropria. Seja esta apropriação a do artista que a retrata, seja a do indivíduo que dela usufrui.
Ouça o podcast aqui.
Confira a abrangente cobertura da Bienal de Arquitetura de Veneza 2021 realizada pelo ArchDaily. Não deixe de assistir à nossa playlist oficial no Youtube, onde apresentamos entrevistas exclusivas com arquitetas, arquitetos e curadores da Bienal.