O Concurso do Museu dos Emboabas, uma iniciativa do município de Caeté-MG que buscava propostas arquitetônicas que homenageassem a memória da guerra dos emboabas, selecionou o escritório ARQLIQ arquitetura e a arquiteta Laila Bentes, com a colaboração de Márcio Motta e Giulia Sgarbi, como vencedores. O projeto premiado foi escolhido por seu cuidado tanto com o interior da edificação, com espaços amplos e versáteis, quanto com o seu entorno.
De acordo com a equipe vencedora, "o museu manifesta a importância da terra pela sua própria arquitetura, se abrindo para a paisagem e colocando o usuário em contato com o território desde quando é recebido". Conheça o projeto, acompanhado do memorial descritivo enviado pela equipe, a seguir:
Da equipe: Conceber um museu é construir uma memória que possa ser percorrida, é convidar as pessoas a aprender sobre o passado e ajudar a escrever um futuro. Edificar um museu sobre a Guerra dos Emboabas e sobre a cidade de Caeté é uma oportunidade de fazer com que as pessoas reflitam sobre história e território e assim despertar um pensamento crítico sobre o tema.
O ser humano sempre se relacionou com o território de forma exploratória, dele tudo sai, mas nada entra, nele as montanhas são aplainadas para exploração da natureza. O museu manifesta a importância da terra pela sua própria arquitetura, se abrindo para a paisagem e colocando o usuário em contato com o território desde quando é recebido, na praça, até o mirante na cobertura do prédio. Manifesta a importância dos cidadãos com a criação de um espaço voltado para a arte, educação e cultura, e a importância da preservação da história de cada lugar, como legado para as próximas gerações.
O térreo é o primeiro contato do pedestre com o museu. A praça é uma pedra em meio ao jardim; os afastamentos criados se transformaram em áreas vegetadas, como uma extensão da praça da cidade e criando um respiro e uma ruptura com o afastamento predominante da rua.
A praça é um espaço ofertado à cidade capaz de se adaptar a diversas funções, dando liberdade de uso para realização de eventos culturais, encontros, feiras e etc.
No mesmo nível da praça se encontra a entrada do museu. O corpo de tijolo solo-cimento é disposto de forma a abrigar o programa que serve ao museu: banheiros, circulação vertical, recepção no térreo e café na cobertura. Ele ajuda a organizar os ambientes, as prumadas hidráulicas e tornar os espaços mais independentes possibilitando aos ambientes expositivos uma planta livre, capaz de se adaptar a diferentes demandas.
No subsolo, corpo em concreto armado, foi distribuído a parte administrativa e o auditório. Foi criado um acesso exclusivo para os funcionários do museu e um foyer para receber eventos. Além disso, o auditório se comunica com o jardim na fachada sul e com a praça a partir de uma arquibancada escavada, integrando os ambientes e possibilitando diversas formas de aproveitamento do espaço.
O museu se desenvolve acima da praça, materializando-se num pavilhão vazio, onde o movimentar dos painéis oportuniza exposições de diferentes portes e caráter, trazendo flexibilidade ao espaço. Seu corpo é um grande bloco de estrutura metálica e vidro, encapado com uma chapa perfurada. A utilização desses materiais permite ao mesmo tempo a entrada de luz e ventilação e a filtragem das mesmas. Além disso, essa permeabilidade permite a exposição da própria paisagem de Caeté.
No último pavimento se encontra o café e a biblioteca. Essas duas funções foram dispostas juntas de maneira que ambas pudessem se aproveitar do amplo terraço gerado pela laje do pavimento de exposições, transformando-o num mirante vivo e convidativo. O corpo da biblioteca foi disposta de forma orgânica anexa ao bloco servidor.
Autores: ARQLIQ arquitetura e Laila Bentes
Colaboradores: Márcio Motta e Giulia Sgarbi