O governo italiano anunciou a proibição permanente de grandes navios de cruzeiro na lagoa veneziana, após vários anos de protestos, petições e ameaças de serem colocados na lista sítios ameaçados da UNESCO. A lei entrará em vigor a partir de 1º de agosto de 2021 e proibirá navios com mais de 180 metros de comprimento ou com mais de 25.000 toneladas de entrar na lagoa, na esperança de sustentar os canais históricos, hidrovias e praças públicas de Veneza.
Os navios de cruzeiro de Veneza já são alvo de polêmica há anos, com uma campanha em andamento liderada pelo grupo ativista No Grandi Navi e petições de arquitetos e artistas internacionais. Muitos regulamentos foram colocados em prática ao longo dos anos para reduzir o número de navios que chegam a Veneza, no entanto, como estes contribuem significativamente para a economia, nunca houve uma decisão substancial.
Há alguns anos, mais de 50 figuras importantes da arquitetura, arte, cinema e moda - incluindo Norman Foster, o diretor da National Gallery de Londres, Nicholas Penny, e o diretor da Fundação Guggenheim, Richard Armstrong, assinaram uma petição apelando ao primeiro-ministro italiano Matteo Renzi e ao Ministro da Cultura e Turismo da Itália, Dario Franceschini, para manter os grandes navios de cruzeiro fora de Veneza. A petição foi criada pelo Comitati Privati Internazionali per la Salvaguardia di Venezia, apoiada pela UNESCO, e explica que os navios não são apenas uma "intrusão estética" na cidade, mas também geram um "risco de catástrofe" para a frágil lagoa em torno de Veneza.
A cidade tem lutado contra o aumento do nível da água e inundações por séculos. Em novembro de 2019, Veneza foi inundada com as piores enchentes da cidade dos últimos 50 anos. Fotografias e vídeos mostraram a icônica Praça de São Marcos debaixo d'água, com uma onda de 2 metros de altura ameaçando danos irreparáveis a locais históricos como a Basílica na mesma praça. Existem vários fatores que tornam Veneza particularmente propensa a inundações, como o aumento do nível do mar em decorrência das mudanças climáticas e o fato da própria cidade estar afundando cerca de um milímetro por ano, devido ao terreno macio e movediço sob suas fundações.
Veneza está atualmente recebendo a 17ª Exposição Internacional de Arquitetura, La Biennale Di Venezia, em cartaz até 21 de novembro de 2021. Intitulada Como viveremos juntos? a mostra tem curadoria de Hashim Sarkis e conta com 112 participantes de 46 países, com 60 propostas nacionais no Giardini e no Arsenale.